Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

27 de abril de 1998

Maria Francisca Oliveira Santos

As Relações de Poder na Interação Professor-Aluno em Contexto Universitário

Orientação: Marígia Ana de Moura Viana
Área de Concentração: Linguística (Doutorado)

Resumo: Este trabalho investiga as marcas lingüísticas de poder na relação professor / aluno, em contexto universitário de sala de aula, pelo fato de ser esse o espaço em que professor e alunos trabalham na construção do sentido discursivo, segundo a prática de um comportamento pedagógico, que deveria ser voltado para o aluno como centro das atividades acadêmicas, bem como para a sua socialização por meio das atividades de grupo. A pesquisa utilizou-se de um corpus constituído de gravações e transcrições de quatro aulas geminadas, abrangendo as áreas de letras, saúde, ciências sociais e tecnologia. A análise qualitativa dos dados fundamenta-se numa abordagem de caráter discursivo-interativo, que considera o discurso como o espaço de negociação do sentido e da construção e constituição dos sujeitos que se propõem essa negociação, já que são influenciados pelas determinações sociais. Com base nessas considerações, foram analisados, graças à freqüente ocorrência nas aulas gravadas, os operadores modais, o silêncio à resposta do aluno, as repetições, a duração do turno do professor etc., que são identificados como marcas que fortificam o poder na díade professor / aluno em momentos específicos das aulas gravadas. Apesar de o professor saber que a sala de aula é um lugar de atividades interativas, verificou-se que a interatividade prescrita nos modernos manuais de didática não ocorre efetivamente na sala de aula, por motivos relacionados à formação acadêmica desse professor e à do próprio aluno. Além disso, o contexto acadêmico já se configura como um espaço de hierarquização, contribuindo, assim, para que o professor reproduza a prática do ensino autoritário. A análise minuciosa das marcas lingüísticas evidenciou que o uso dessas marcas no discurso de sala de aula indica a predominância do poder do professor nas situações analisadas.

» E-book disponível para acesso na Sala de Leitura César Leal - Centro de Artes e Comunicação - Campus UFPE

20 de abril de 1998

Eliane Ferraz Alves

Construções Lexicais Complexas com o Verbo “Levar

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi
Área de Concentração: Linguística (Doutorado)

Resumo: Este estudo aborda aspectos do funcionamento semântico-sintático-pragmático relativos ao item lexical “levar”, quando este constitui expressões do tipo “levar na conversa”, “levar fim”, “levar em consideração”. A orientação teórica básica está centrada em alguns princípios do funcionalismo lingüístico não-ortodoxo, principalmente, nos que pautam os estudos da língua / linguagem no discurso lingüístico, em situações reais de comunicação, no sentido de que “da forma da língua origina-se o uso da língua”. Para este fim, foram utilizados, preferencialmente, textos orais (entrevistas), de onde foram coletados registros de construções lexicais complexas constituídas com o verbo “levar”. Tais registros foram submetidos, inicialmente, a uma análise em termos qualitativos e constitutivos e, posteriormente, a uma representação semântica co- composicional. Constatou-se, entre outros aspectos, que o item lexical “levar” assume funções mais gramaticais que resultam não só de um processo de variação motivado por questões da língua, previsto no sistema, como também resultam de um processo de variação motivado por fatores discursivos, previsto no discurso. Tais processos de variação, simultaneamente, dependem de um processo de entropia lingüística construcional de base metafórica e metonímica ou, exclusivamente, metonímica. Quanto às conseqüências deste estudo, salienta-se um leque de possibilidades teórico-analíticas, não só em termos de análise e discussão de outros tipos de construções lexicais complexas, constituídas de forma recorrente com outros tipos de verbos (“bater”, “tomar”, etc.), mas, notadamente, em termos de mais uma ampliação dos fundamentos teórico-funcionalistas que centram algumas das diversas formas de variação/ mudança lingüística em uma comprovada similaridade entre o conteúdo de uma forma já existente no uso da língua e um novo conteúdo que lhe é incorporado por meio das diversas formas de realizações discursivas.

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17 de abril de 1998

Angela Paiva Dionisio

Imagens na Oralidade

Orientação: Judith Hoffnagel
Área de Concentração: Linguística (Doutorado)

Resumo: Em interações face a face, a construção de imagens apóia a construção de sentidos. Com base nesta premissa, este trabalho procura investigar, na heterogeneidade discursiva inerente ao discurso oral, como os sistemas de conhecimento (lingüístico, enciclopédico e interacional) e os princípios geradores de imagens (princípios de equivalência perceptual, espacial, transformacional e estrutural) interagem no processamento de imagens mentais, visuais e auditivas, favorecendo a construção de sentido. O corpus em estudo se compõe de interações face a face gravadas numa comunidade negra, analfabeta e semi-isolada do interior paraibano. Numa abordagem interdisciplinar, a perspectiva analítica qualitativa adotada nesta investigação se baseia em contribuições da Antropologia Lingüística, da Sociolingüística Interacional, da Lingüística de Texto, da Análise da Narrativa e da Análise da Conversação. O trabalho está organizado em quatro capítulos. O primeiro capítulo sistematiza os princípios geradores e os sistemas de conhecimento ativados no processamento textual das imagens e seus correlatos lingüístico-discursivos, fornecendo respaldo teórico para análises das imagens nas descrições no capítulo II, das imagens no metadiscursono capítulo III e das imagens nas narrativas no capítulo IV. Cada um desses capítulos, porém, traz noções teóricas específicas aos gêneros e subgêneros comunicativos focalizados, as quais se integram aos pressupostos apresentados no capítulo I, norteando, desta forma, o estudo das imagens. De acordo com as análises, é possível formular uma conclusão geral: a construção de imagens, capacidade peculiar a qualquer usuário da língua, entrelaça experiências novas e antigas na construção de significados, ativando e atualizando os modelos cognitivos socialmente estruturados, favorecendo ao entendimento e ao envolvimento na formulação do texto oral.

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