Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

30 de novembro de 2000

Janilto Rodrigues de Andrade

Da Beleza à Poética

Orientação: Luzilá Gonçalves Ferreira e Lourival Holanda
Área de Concentração: Teoria da Literatura (Doutorado)

Resumo: Na expressão "da beleza à poética", inscreve-se a idéia de partida e de chegada. Partida: estética - perceber com os sentidos -, porque a beleza limita com o sensorial. Aqui, "da beleza" equivale a "da estética". Chegada: teoria - ação de observar -, porque a poética, como corpus teórico sobre a poesia, requer um tomar-parte no ente artístico. Mover-se nessa circularidade - do sentir ao observar e vice-versa - implica navegar rente à margem contrária à das restrições tradicionalmente impostas à subjetividade pela azáfama cientificista. Travessia possível, uma vez que o sujeitovem imiscuindo-se em todas as veredas do pensamento pós-moderno. Assim, postas algumas questões na introdução, passamos a caminhar nos entremeios daleitura esubjetividade. Fundamental pisar esse chão, porque, revelando-se o sujeito, elegemos a liberdade como condição (e princípio!) que permite ao leitor ser introduzido na província da beleza. Somente o sedutor – que nos arranca um como é bem feito! - incita-nos a experenciar a aventura do fascínio à interpretação. Para tanto, põe-se, (n)à poética, as razões que levam o leitor a, seduzido, considerar um texto belo. Dizemos razões, porque, pisando trilha kantiana, não cabe a conceituação sobre o belo; não há, assim, lugar para causas. Observadas as razões, hauridas na hermenêutica de Alfonso Lopez Quintas, de inspiração heideggeriana, tomamos o outro pólo do saber estético - texto e objetividade - configurando-se a pergunta, segundo nos parece, pertinente: como se inscreve, no conhecimento, o objeto artístico? Definida uma resposta, pomos à prova, em “Na prática, as razões são as mesmas”, os pressupostos teóricos - na análise de alguns textos, optamos por objetos de linguagens distintas, tendo em vista as interações que hoje se observam, entre as semioses artísticas e entre as reflexões sobre elas e entre estas e aquelas. A conclusão do nosso trabalho aponta para um mundo que se abre, vivo e dinâmico.

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29 de novembro de 2000

Sandra Helena Dias de Melo

Estilo e Neutralidade no Texto Noticioso Jornalístico

Orientação: Judith Hoffnagel
Área de Concentração: Linguística

Resumo: Este estudo teve como objetivo central mostrar como o estilo, num trabalho conjunto entre forma e sentido, produz notícias e reportagens nada imparciais nos textos noticiosos jornalísticos. Visto que a imagem da neutralidade do texto noticioso, construída a partir da divulgação de manuais de redação e estilo jornalístico, advém da visão de um estilo que prima unicamente pela forma no relato da informação imparcial, procurou-se identificar os elementos discursivo-textuais que evidenciassem a não-neutralidade do estilo no texto noticioso, a partir de uma análise discursiva e cognitiva. A partir de um corpus (catorze reportagens e cinco notícias), contendo matérias de 1997 a 2000, fez-se uma análise da relação entre o discurso de neutralidade do estilo nos manuais e livros técnicos da Imprensa e o efeito real do efeito noticioso. Partindo da posição de que o estilo é produtor de sentido e da necessidade de observá-lo a partir de uma perspectiva holística, procurou-se identificar, nesta investigação, marcas discursivo-textuais que exercem importantes e diferentes funções no estabelecimento de sentidos que comprovassem a não-neutralidade do texto noticioso, seja porque a língua não é uma instância neutra da ação humana, seja porque o estilo é um trabalho conjunto entre forma e sentido, destituído do poder de neutralizar qualquer texto. Na análise do corpus, verificou-se além da opacidade da língua, mesmo quando submetida a regras de padronização, a recorrência de estratégias argumentativas na produção do texto noticioso, evidenciando o estilo como seleção de forma e sentido no processamento de informação da imprensa. Os resultados obtidos comprovam a visão do estilo como uma seleção não neutra e como um ato lingüístico fundamental na produção de efeitos de sentido.

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