Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

24 de outubro de 2001

Cinthya Lúcia Martins Torres Saraiva de Melo

Anáfora Indireta Esquemática Pronominal: uma anáfora coletiva e genérica e coletiva restritiva

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi
Área de Concentração: Linguística

Resumo: O propósito deste trabalho é, essencialmente, investigar o comportamento da anáfora indireta esquemática pronominal de terceira pessoa do plural (AIEP) cujos referentes não estão explicitados do texto, mas ativados a partir de uma âncora textual que projeta os referentes de forma representacional. Nessa perspectiva, o pronome não é visto como tradicionalmente postulado, isto é, um anafórico que deveria necessariamente retomar um outro elemento anteriormente explicitado na contextualidade mantendo, contudo, a coesão e a coerência discursiva. Nosso objetivo é mostrar que essa anáfora se realiza mediante dois processos: (1) inferencial, caracterizado pela ativação de referentes identificáveis através de um coletivo genérico, enquadrado no universo das representações conceituais criando um espaço mental de estruturação auxiliado pelo contexto; e (2) cognitivo, caracterizado pela seleção de referentes identificados através de um coletivo restritivo, enquadrado no universo das representações semânticas criando um espaço mental de estruturação auxiliado pelo contexto. Como apoio teórico utilizamos a Lingüística de Texto, a Lingüística Cognitiva e a Lingüística Pragmática, que permitem explicar esses processos. Para tanto, recorremos aos estudos de L.A. Marcuschi (1998a, 2000, 2001a) e outros citados na bibliografia, por ter o autor desenvolvido um estudo pioneiro e sistemático da AIEP sob a perspectiva da referenciação. O corpus é composto de 10 gravações de telejornais e de 12 entrevistas coletadas nas revistas Veja e Você S.A., dois gêneros que se caracterizam como textos de mescla (produzidos num meio e recebidos em outro). As análises realizadas mostram que as AIEPs são mais comuns nas entrevistas da Veja e Você S.A. do que nos telejornais, mas sempre ocorrem de acordo com a intencionalidade de seus produtores. Também foi constatado que, embora típica da oralidade, essa estratégia não se restringe aos textos tipicamente falados, o que reforça a idéia de que o telejornal representa a escrita em formato padrão habitual, caracterizando-se como um gênero que não representa a fala, mas uma oralização da escrita.

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