Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

18 de julho de 2002

Wilma Martins de Mendonça

Memória de Nós: o discurso possível e o silencio Tupinambá nos relatos de viagem do Século XVI

Orientação: Sônia Lucia Ramalho de Farias
Área de Concentração: Teoria da Literatura (Doutorado)

Resumo: O trabalho, “Memória de nós: o discurso possível e o silêncio Tupinambá nos relatos de viagem do século XVI”, trata do estudo da representação do homem da Floresta Tropical, através da dicção dos viajantes do século XVI. Assim, elegeram-se como objetos de investigação as seguintes narrativas: “Duas viagens ao Brasil” (1557), do católico alemão Hans Staden; “Viagem à terra do Brasil” (1578), do calvinista francês Jean de Lery; “Tratado da terra do Brasil” (publicado em 1826, mas escrito no séc. XVI) e “História da província Santa Cruz” (1576), ambos do cronista português Pero de Magalhães Gandavo; e “Tratado descritivo de Brasil em 1587”, do também português Gabriel Soares Sousa. Estenderemos essa leitura comparativa, embora em menor intensidade, aos relatos, “As singularidades da França Antártica”(1557), de André Thevet e “Tratados da terra e gente do Brasil” (1583), de Fernão Cardim, com o intuito de flagrar os diferentes e/ou similares modos com os quais se criou e sedimentou-se uma visão de brasilidade entre nós, reveladora, por sua vez, do conflito cultural entre o mundo europeu e o mundo americano. Nesse intuito, não nos furtaremos, também, em lançar mão dos vários textos epistolares escritos pelos jesuítas do Brasil quinhentista, braços ideológicos da conquista e colonização européia em nosso solo, como também das narrativas dos capuchinhos franceses, Claude d’Abbeville e Ives d’Evreux, que, embora elaboradas no século seguinte, extrapolando, assim, o contexto histórico por nós demarcado, se constituem enquanto textos importantes para esse diálogo. A escolha de tais objetos se deve, essencialmente, a nossa visão - em consonância com a perspectiva teórica de Antonio Cândido e Flora Sussekind - de que essas narrativas constituem linhas literárias, sucessivamente retraçadas, recorrentemente presentes nos mais variados momentos de nossa vida literária, emaranhadas em nosso tecido ficcional, portanto. Nesse entendimento, procedemos ao cortejo entre os textos recortados para análise, através de um suporte teórico-metodológico interdisciplinar que nos permita efetuar uma leitura que aponte para a vinculação entre o fato literário e o contexto cultural que o informa. Assim, estabeleceremos uma articulação com outras áreas e discursos das Ciências Sociais, especialmente com os discursos histórico e antropológico. Para além da simples escolha metodológica, este procedimento se faz necessário em função da própria proposta de estudo. Dessa forma, trilharemos o caminho já percorrido pelo crítico Silviano Santiago que reconhece a impossibilidade de tratarmos da “nossa constituição” sem o auxílio da História e da Antropologia (SANTIAGO, 1982, 17).

» E-book disponível para acesso na Sala de Leitura César Leal - Centro de Artes e Comunicação - Campus UFPE

0 comentários: