Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

26 de maio de 2004

Manuel Romário Saldanha Neto

Caos e Pós-Modernidade na Cultura Pernambucana: a estética do Mangue

Orientação: Sebastien Joachim
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Buscando explicitar as bases econômicas, sociais e políticas do que veio a denominar-se “movimento mangue”, a presente monografia caminhou no sentido de fazer um estudo interdisciplinar, concretizando-se ao final numa pesquisa plástica. Com vistas a mostrar os liames profundos que unem o universo do fazer artístico às relações da sociedade pernambucana, deu-se ênfase ao período que vai de 1990 à 2000. Nesta perspectiva, explicitamos, ao longo do texto, certas referências simbólicas arquetípicas de “homem, natureza e cultura” do universo imaginário nordestino, tais como, “resistência, fome, seca e pobreza”, que permeiam profundamente o discurso da cultura Mangue, marcado pela fusão do imaginário do sertão com o imaginário do litoral pernambucano. A partir de autores, tais como: Euclides da Cunha, Gilberto Freyre e Josué de Castro, objetivamos melhor estudar e compreender o referido movimento cultural. Além de buscar compreender criticamente o processo de pós-modernização da sociedade pernambucana, buscamos mostrar, principalmente através de dados estatísticos e recortes jornalísticos, a emergência do referido movimento, enquanto representação e identidade da cidade do Recife. Por fim, buscamos traçar um quadro comparativo entre o presente movimento cultural e a questão do avanço da cidadania, buscando desta forma explicitar as linhas emancipatórias ou conservadoras presentes na cena social da cidade do Recife e do Estado de Pernambuco. Ao analisar o que veio a configurar-se como “Movimento Mangue”, encontramos em sua gênese pensadores, tais como Euclides da Cunha (1866-1909), que em sua obra Os Sertões descreve a base natural e cultural sobre a qual repousa a representação do homem nordestino, principalmente do interior. Nos capítulos que compõem a referida obra, encontramos a dialética entre o sul do Brasil “moderno” e o nordeste “arcaico” nas figuras emblemáticas de uma luta entre o sul republicano, industrial e positivista e o nordeste agrário, arcaico e messiânico. A nível da esfera mais íntima desta dialética, encontramos a figura dos políticos/coronéis/jagunços e latifúndios x a figura do povo desapropriado, místico e violento. Por fim, conectando o nível da hermenêutica histórica, buscou-se explicitar a complexidade das mudanças sociais, políticas e econômicas pelas quais tem passado o Estado de Pernambuco, com o seu atual momento simbólico-cultural, tentando apresentar, de uma forma mais abrangente, a sociedade pernambucana.

» E-book disponível para acesso na Sala de Leitura César Leal - Centro de Artes e Comunicação - Campus UFPE

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