Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

31 de maio de 2004

Auríbio Farias Conceição

Somos Pedras que se Consomem em Angustia: a temática da inquietação no diálogo entre Graciliano Ramos e Raimundo Carrero

Orientação: Lourival Holanda
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: O presente trabalho se propõe a investigar, à luz da filosofia da existência, manifestações de angústia no diálogo de Graciliano Ramos e Raimundo Carrero, mais especificamente em suas respectivas obras Angústia e Somos Pedras que se Consomem, representativas, por excelência, da referida temática nos autores. As personagens conduzem a investigação que visa identificar como a angústia se inscreve nas narrativas. Dessa perspectiva são abordados o encolhimento, a liberdade existencial, a possibilidade de suicídio e a esperança, o incesto e a desmesura. Tais assuntos vão tecendo a inquietação, alvo de discussão de autores como Kierkegaard, Sartre, Gabriel Marcel, Erich Fromm, entre outros convocados para o diálogo com os autores. Daí se depreende que a angústia adâmica, que se manifesta como possibilidade de conhecer o bem e o mal, é análoga à que hoje se manifesta no indivíduo e na cultura, dentre outras formas, como impossibilidade de manter um "eu" coerente, diante de diferentes identidades. Ou seja, esses textos nos conduzem à compreensão de que a angústia é uma inerência à condição humana, uma vez que o homem só se torna homem através da consciência de si mesmo e essa consciência é em si angústia.

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Tâmara Maria Costa e Silva Nogueira de Abreu

Um Lobato Educador: Sob o Prisma da Fecundidade da Obra Infantil Lobatiana

Orientação: Lourival Holanda
Área de Concentração: Teoria da Literatura

A literatura infantil de Monteiro Lobato teve, desde os anos vinte, um papel fundamental na formação da criança brasileira: educar para a liberdade e para a autonomia. Esta pesquisa trata das relações entre a Literatura e a Educação; tem por finalidade mostrar como a amizade do escritor com dois educadores, Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo, somada ao contexto histórico da Primeira República (1889-1930) quando as palavras de ordem eram nacionalismo, entusiasmo pela educação e otimismo pedagógico influenciaram os seus textos a partir da década de trinta. Apóia-se em documentos originais como as cartas entre o escritor e os educadores, e também em dados biográficos que comprovam as relações inferidas. Feito o estudo da Filosofia da Educação de John Dewey, vê-se que seus desdobramentos no Brasil se refletem no pensamento de Anísio Teixeira, Monteiro Lobato e Paulo Freire, irmanados por uma concepção progressista e humanizadora da educação e da própria vida. A pedagogia de Paulo Freire se revela, de certa forma, uma continuação da filosofia de Anísio e, conseqüentemente, da literatura lobatiana. Os livros da série infantil da coleção Obras Completas de Monteiro Lobato foram analisados à luz dos preceitos escolanovistas e progressistas, buscando estabelecer os pontos de interseção entre a sua literatura e a educação praticada por Anísio e Freire.

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Sandra Maria da Silva

O Jogo das Metáforas Pictórico-Literárias na Representação do Ser Integral, o Expressionismo Segundo Edvard Munch e Lúcio Cardoso

Orientação: Sonia Lucia Ramalho Farias
Área de Concentração: Teoria da Literatura

A integração entre literatura e pintura é tema discutido desde a Antigüidade. A ausência de unanimidade sobre a pertinência da relação denota por si, a riqueza inerente ao assunto. Nesta pesquisa intersemiótica, aproximamos o pintor norueguês Edvard Munch e o escritor brasileiro Lúcio Cardoso. A partir da análise do romance “Crônica da Casa Assassinada” e da seqüência de quadros intitulada “O Friso da Vida” encontramos o ponto de interseção entre as obras. A despeito das diferenças e através do espírito expressionista encontramos a representação do Ser Integral com suas áreas de sombra e de luz.

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Petra Ramalho Souto

As Mulheres de Nelson: Representações Sociais das Mulheres em Os Sete Gatinhos de Nelson Rodrigues

Orientação: Sonia Lúcia Ramalho de Farias
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Fundamentada em estudos que enfocam a relação entre o texto literário e o contexto social em que foi concebido, pretendo apresentar um programa de representações acerca do gênero feminino encontradas na obra de Nelson Rodrigues. A escolha deste tema se deu principalmente pela importância das personagens femininas na obra dramática deste autor. Das suas dezessete peças onze são protagonizadas por personagens femininas e nas outra seis, a elas sempre são um elemento de relevância na ação. Durante a análise realizei duas leituras: uma horizontal e a outra vertical, nas quais localizei e selecionei os eixos norteadores da análise das representações. Em seguida relacionei os eixos de análise dos dados. Em análises preliminares encontrei as seguintes representações: 1- só a mulher que segue as regras sociais (por exemplo, manter-se virgem) consegue um bom casamento, 2- só no casamento a mulher pode se realizar e 3- a homossexualidade feminina é uma reação ao poder opressor exercido pelos homens.

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28 de maio de 2004

Wellington Marinho de Lira

A Pluralidade Cultural e o Ensino de Língua Inglesa: um estudo em escolas públicas e particulares na cidade do Recife

Orientação: Francisco Gomes de Matos
Área de Concentração: Linguística

Neste estudo examinamos uma possível mudança de atitudes dos professores de língua inglesa perante as novas orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais no que se refere ao tema transversal pluralidade cultural. Para atingirmos o nosso objetivo, conduzimos uma pesquisa com professores de escolas particulares e públicas que estão ensinando inglês na oitava série do ensino fundamental em áreas diferentes da cidade do Recife. A cidade do Recife é considerada a capital multicultural do Brasil, onde pessoas de tendências culturais diversas se encontram e interagem. Um desses locais de contato e interação entre esses grupos é a escola. Grupos de jovens adotam para si ideologias de movimentos globais como os `Punks´, `Darks´, `Skaters´, `Clubbers´, entre outros, além dos que são de origem indígena ou afro-descendente, e dos movimentos de cunho mais regionalistas. Nossa pesquisa foi reveladora, pois mostrou como os professores estão ensinando inglês na sala de aula e que recursos estão usando para atingir esse objetivo. Desmistifica antigos conceitos sobre a qualidade do ensino em escolas públicas e particulares, e, por fim, mostra o nível de conscientização dos professores pesquisados com relação ao tema transversal pluralidade cultural associado ao ensino de língua estrangeira.

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Mônica Moreira de Magalhães

Atividades Interativas e Processos de Compreensão em Aula de Língua Inglesa

Orientação: Kazuê Saito Monteiro de Barros
Área de Concentração: Linguística

Muitos estudos têm sido feitos no intuito de se descobrir os mistérios que ainda envolvem a questão da compreensão. Em sintonia com as pesquisas nessa área, nosso estudo visa a analisar que concepção de compreensão é operacionalizada em salas de aulas de Língua Inglesa. Para atender a esse propósito, observamos, por um lado, as atividades interativas entre professor e aluno em oito aulas de Língua Inglesa ministradas a estudantes do sexto período do curso de Letras da Universidade Federal de Pernambuco. A esse corpus foram somados os dados de uma entrevista sociolingüística, realizada paralelamente com o professor da turma. Desse modo, pudemos contrastar a concepção de compreensão subjacente ao comportamento do professor, tal como desvelada pelas gravações das interações em sala de aula, com o conceito de compreensão que o professor revela na entrevista. A observação das transcrições das aulas revelou que o professor utiliza muitas perguntas como forma de avaliar a compreensão dos alunos e assim julgamos relevante procedermos a uma análise das perguntas veiculadas em sala de aula. As observações acima já antecipam a linha do trabalho que se insere numa perspectiva analítica e interpretativista, reunindo pressupostos e conceitos teóricos principalmente da etnografia da comunicação e da sociolingüística interacionista. A primeira escola nos fornece categorias que permitem identificar como o comportamento lingüístico é influenciado pelas características do evento e a segunda disponibiliza conceitos relevantes para a análise da interação entre os sujeitos da pesquisa. Os resultados revelam que, nas atividades interativas entre professor e aluno em sala de aula, os alunos têm pouca participação durante as atividades desenvolvidas, cabendo ao professor a condução da interação, em grande parte desenvolvida através de perguntas. Há divergências entre as concepções teóricas do professor e suas práticas em sala de aula. As atividades de compreensão consistem, predominantemente, em atividades de tradução de itens lexicais, havendo pouco espaço para perguntas mais inferenciais que estimulem o raciocínio dos alunos.

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27 de maio de 2004

Maria das Vitórias Matoso Távora

É do Sonho dos Homens que uma Cidade se Inventa: a poesia de Carlos Pena Filho

Orientação: Luzilá Gonçalves Ferreira
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Criação humana, a cidade contrapõe-se à natureza. Fenômeno cultural, exerce influência direta na vida de seus habitantes, nativos ou de adoção. É através de sua arquitetura, do traçado de suas ruas que gerações passam às seguintes seu modo de pensar e sua concepção de mundo. Espaço de troca por excelência, a cidade exerce tamanha atração sobre os indivíduos que extrapola qualquer tentativa de compreensão racional. Tal qual o útero materno, a cidade confere ao indivíduo segurança e proteção, conferindo a cada um a própria identificação e diferenciação da totalidade. Dessa forma, pode-se compreender a cidade como um lugar fundante para o ser humano. A relação entre a pessoa e o espaço em que vive é tão intensa quanto primordial, com repercussões psíquicas profundas. Segundo Octavio Paz, a crítica do estado de coisas reinantes é iniciada pelos escritores. A primeira metade do século XX testemunhou um verdadeiro “bota-abaixo” dos antigos bairros recifenses, provocando um mal-estar generalizado. Os jornais da época registraram toda a polêmica daí gerada: poetas, romancistas, cronistas, sociólogos condenando tanta insensatez. Carlos Pena Filho surge, como poeta, nesse período de turbulência e sente necessidade de escrever sobre sua cidade, sobre o Recife que ele vê, sente, percebe. Talvez como uma tentativa de se reconhecer entre aquelas edificações, ou melhor “desedificações”, de preservar sua identidade no meio dos escombros. Através do poema “Guia Prático da Cidade do Recife”, Pena Filho sintetiza essa busca.

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26 de maio de 2004

Ana Maria de Amorim Viana

Software Educativo, Muito Prazer!

Orientação: Dilma Tavares Luciano
Área de Concentração: Linguística

O presente trabalho de pesquisa situa-se entre os avanços da ciência lingüística, as dificuldades no ensino de línguas e a tentativa de modernização da escola pelo aparato tecnológico do computador. Enfoca os softwares educativos como um construto social novo, oriundo das transformações tecnológicas. Revela, através do discurso da mídia, a forma de inserção e a representação que a sociedade faz desse objeto. Tem por objetivo primeiro contribuir com o ensino de língua portuguesa à medida que deita o olhar sobre os softwares educativos, objeto pedagógico ainda pouco explorado pela maioria das escolas de ensino fundamental e médio. Para tanto, foram pesquisados os software destinados ao trabalho com Língua Portuguesa - Creative Writer, Fine Artist, Quadrinhos Turma do Chico Bento, Revistinha do Senninha, Story Book Weaver, My Own Stories, Oficina de Histórias, Ortografando, Ortografando II, Quero Aprender Português-Fábrica de Palavras, Escrevendo ao Pé da Letra, Professor PC-Curso de Português, Desafio da Língua Portuguesa e Objetivo Educação Digital-, no Ensino Fundamental II das Escolas Públicas e Particulares da cidade de Petrolina-PE. Neles, propomos a focalização da relação leitor/objeto de leitura através das ações interativas sobre o usuário, identificando 5 tipos específicos: injuntivo, narrativo, argumentativo, descritivo e expositivo, e verificamos a concepção de língua e de texto subjacentes à proposta de uso de cada software. Assim, entendemos o software como um novo objeto de leitura que apresenta características peculiares, próprias do meio digital, agregando escrita alfabética, recursos gráficos e sonoros que, por apresentar uma forma de leitura inusitada, se comparada ao livro, por exemplo, requer do professor competências diferentes daquelas desenvolvidas na cultura impressa.

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Manuel Romário Saldanha Neto

Caos e Pós-Modernidade na Cultura Pernambucana: a estética do Mangue

Orientação: Sebastien Joachim
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Buscando explicitar as bases econômicas, sociais e políticas do que veio a denominar-se “movimento mangue”, a presente monografia caminhou no sentido de fazer um estudo interdisciplinar, concretizando-se ao final numa pesquisa plástica. Com vistas a mostrar os liames profundos que unem o universo do fazer artístico às relações da sociedade pernambucana, deu-se ênfase ao período que vai de 1990 à 2000. Nesta perspectiva, explicitamos, ao longo do texto, certas referências simbólicas arquetípicas de “homem, natureza e cultura” do universo imaginário nordestino, tais como, “resistência, fome, seca e pobreza”, que permeiam profundamente o discurso da cultura Mangue, marcado pela fusão do imaginário do sertão com o imaginário do litoral pernambucano. A partir de autores, tais como: Euclides da Cunha, Gilberto Freyre e Josué de Castro, objetivamos melhor estudar e compreender o referido movimento cultural. Além de buscar compreender criticamente o processo de pós-modernização da sociedade pernambucana, buscamos mostrar, principalmente através de dados estatísticos e recortes jornalísticos, a emergência do referido movimento, enquanto representação e identidade da cidade do Recife. Por fim, buscamos traçar um quadro comparativo entre o presente movimento cultural e a questão do avanço da cidadania, buscando desta forma explicitar as linhas emancipatórias ou conservadoras presentes na cena social da cidade do Recife e do Estado de Pernambuco. Ao analisar o que veio a configurar-se como “Movimento Mangue”, encontramos em sua gênese pensadores, tais como Euclides da Cunha (1866-1909), que em sua obra Os Sertões descreve a base natural e cultural sobre a qual repousa a representação do homem nordestino, principalmente do interior. Nos capítulos que compõem a referida obra, encontramos a dialética entre o sul do Brasil “moderno” e o nordeste “arcaico” nas figuras emblemáticas de uma luta entre o sul republicano, industrial e positivista e o nordeste agrário, arcaico e messiânico. A nível da esfera mais íntima desta dialética, encontramos a figura dos políticos/coronéis/jagunços e latifúndios x a figura do povo desapropriado, místico e violento. Por fim, conectando o nível da hermenêutica histórica, buscou-se explicitar a complexidade das mudanças sociais, políticas e econômicas pelas quais tem passado o Estado de Pernambuco, com o seu atual momento simbólico-cultural, tentando apresentar, de uma forma mais abrangente, a sociedade pernambucana.

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25 de maio de 2004

Maria do Socorro de Assis Monteiro

Repente: do canto árabe aos sertões nordestinos

Orientação: Luzilá Gonçalves Ferreira
Área de Concentração: Teoria da Literatura

O Repente é o que pode chamar, com exatidão, de arte democrática, fruto que é do espaço que ocupa, da característica de seus produtores, dos motivos da terra e das suas gentes. Seu nascedouro são aglomerados humanos, rurais, de igual padrão social; seus feitores são artistas nitidamente populares, cantadores do lugar; seus temas são estimulados pela conjuntura da terra e do homem, e envolvem, numa espécie de lirismo, o sentimento amoroso, os problemas sociais a natureza, a religião e Deus, além de um escárnio com ar de desdém aos políticos e às políticas atuais, entre muitos outros motivos. Essa modalidade artística ainda enfrenta muitos desafios, e o principal deles diz respeito à forma preconceituosa com que é vista por aqueles ditos apreciadores da arte superior. Isso restringe (em parte) o espaço da mobilidade do Repente, como se toda arte devesse seguir os padrões artísticos internacionais, tradicionalmente arraigados nos meios escolares da Europa e disseminados pelos demais continentes. Os olhares postos no Repente, buscaram, na maioria das vezes, examinar as raízes da cultura brasileira, seu vínculo com o universo europeu, seu lado pitoresco, anônimo, folclórico, e isso distanciaria esta arte de toda erudição. Essa distância estaria, na verdade, cada vez mais tênue, e isto é comprovável na simples observação das chamadas obras clássicas, a exemplo da Ilíada, de Homero, de Os Lusíadas, de Luis de Camões, entre outras. A fusão de linguagens, organizadas em "níveis" mesclados de erudição e popular, bem como a provável autoria desses cantos atribuída por muitos estudiosos, a cantores populares, contribuiriam para o fortalecimento da conexão entre o popular e o erudito. O cultivo da oralidade, característica impar da arte repentista, aponta para os primórdios da existência poética do Repente, posto que a “voz” é anterior a qualquer expressão comunicativa do homem, e essa voz estaria vinculada ao ritmo, primeira descoberta anterior a linguagem, segundo Otávio Paz. O ritmo havia de ser o poético da vida e foi percebido a partir do compasso do coração, dos movimentos de respiração, da marcha dos pés, do movimento dos astros, da luz e das trevas, das marés: enfim, o ritmo preexiste a qualquer linguagem verbal. O Repente não tem valor meramente sociológico, antropológico, não está no lugar do passado, como muitos preferem ver, mas é vivo está a nossa volta, visível, audível, comunicando ao homem, sensibilizando-o, pelo canal mais precioso, direto e real: a voz dos cantadores repentistas.

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24 de maio de 2004

José Odilon Barboza de Lira Vasconcelos

Biografemas da Estrangeirização na Poesia de Emily Dickinson

Orientação: Alfredo Adolfo Cordiviola
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Esta dissertação aborda a leitura e interpretação da obra poética de Emily Dickinson, focalizando certos aspectos ligados à sua auto-reclusão e subseqüente exclusão dos círculos literários da época, as quais tiveram decisiva influência em sua escrita. No embasamento teórico deste trabalho, valho-me da noção de “biografema”, idealizada por Roland Barthes, além de recorrer a outros conceitos literários mais atuais. Concentro-me sobretudo no aspecto poético que denomino “estrangeirização”, o qual permeia, a meu ver, toda a obra de Emily Dickinson, e não foi, ao que parece, estudado até agora, seja nos Estados Unidos, seu país natal, seja no Brasil, onde os seus poemas sempre mereceram atenção, tanto do público quanto da crítica literária.

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18 de maio de 2004

Edmilson de Albuquerque Borborema Filho

A Metáfora na Construção da Percepção da Realidade no Discurso Jornalístico

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi
Área de Concentração: Linguística

Este trabalho visa a fazer uma análise interpretativa qualitativa da participação da metáfora na construção da percepção da realidade no discurso jornalístico escrito. Tomamos a concepção de realidade como sendo mais do que simplesmente aquilo que existe no mundo extramental, i.e., entendemos a realidade como resultado de uma construção sociocognitiva e que, portanto, passa amplamente pelas mentes dos seres que a criam. Vemos a metáfora como uma atividade cognoscitiva que, em grande medida, define a natureza do sistema conceptual humano. Esta atividade é evidenciada pela linguagem natural da qual nos servimos para comunicação e produção de conhecimento. Sua importância para os estudos da linguagem se revela na medida em que não encontramos meios de percebermos e expressarmos a realidade se não também através deste fenômeno, inclusive no próprio discurso jornalístico. Fizemos uma breve incursão nos principais postulados de que temos conhecimento relativos aos modos de produção, reconhecimento e compreensão da metáfora, respaldados em duas teorias defendidas por Lakoff & Johnson (Teoria da Metáfora Conceptual; 1980) e Fauconnier (Teoria da Fusão Conceptual; 1997), respectivamente, as quais serviram de base teórica para análise dos dados do nosso corpus, composto de textos retirados de um jornal, O Estado de São Paulo, e de uma revista, Veja. Constatou-se, através da análise dos dados, que a metáfora é um fenômeno fortemente presente no discurso jornalístico e que neste espaço ela tem atuação significativa na construção do modo como percebemos a realidade. Os resultados obtidos pela análise dão sustentação às hipóteses da pesquisa e sugerem que as investigações subseqüentes relativas ao fenômeno metafórico e sua participação na construção de significado sejam desenvolvidas levando-se em consideração as teorias mencionadas.

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14 de maio de 2004

Ivandilson Costa

O Mito da Novidade no Texto Publicitário para a Mulher

Orientação: Nelly Medeiros de Carvalho
Área de Concentração: Linguística

A publicidade se caracteriza como sendo, antes de tudo, um discurso, uma linguagem, sustentando uma argumentação icônico-lingüística para persuadir consciente e inconscientemente o público-alvo e, para isso, lança mão de todo um conjunto de recursos estilísticos, relações semânticas e seleção lexical. O presente trabalho tem o objetivo de examinar o conjunto de mecanismos lingüísticos que se relacionam com a administração do mito da novidade em textos publicitários endereçados especialmente ao público feminino, quais sejam: o emprego de itens lexicais, como novo, chegar, renovar, exclusivo, revolucionário e o operador situativo agora; processos de formação de palavra (especialmente prefixação e composição); o uso de terminologia técnico-científica; a manutenção de formas fixas (provérbios, frases feitas, adágios, expressões cristalizadas). Para tanto, foram tomados textos publicitários impressos de público-alvo feminino, assim definido por caracteres como produto (moda, cosmética, alimentação), veículo (revistas femininas) e marcas morfossintáticas do gênero feminino. Trata-se de um trabalho de caráter interdisciplinar, pela natureza mesma de a publicidade interagir com áreas diversas do conhecimento -Lingüística, Comunicação Social, Marketing, Sociologia-, bem como pela construção de nosso arcabouço teórico, que não se baseou em uma teoria de base especificamente, mas se apoiou em correntes mais diversificadas da própria Lingüística pela depreensão que faz de pontos da Lexicologia, da Sociolingüística Interacional -especialmente quanto à parte dedicada às representações de gênero-, da Análise do Discurso Crítica- quando da abordagem das relações de poder na/pela linguagem.

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5 de maio de 2004

Judite Maria Santana da Silva

Música Popular Brasileira: espaço de leitura da poesia concreta

Orientação: Sonia Lúcia Ramalho Farias
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Empreendemos, neste texto, um estudo convergente entre a Literatura e a Música Popular Brasileira num caráter intersemiótico e Pedagógico. Partindo de poetas e filósofos gregos, músicos e teóricos da Crítica Literária, pedagogos e pesquisadores contemporâneos, chegando a desembocar na MPB, como uma etapa das manifestações do Modernismo Brasileiro e, que pode ser vista ainda hoje como uma continuação da Semana de 22: uma ruptura da cultura brasileira, uma ponte para não perder de vista nosso percurso literário. O texto perpassa a antiga e fecunda relação entre música e literatura, para nos inscrever no contexto dos discursos sobre o lugar que ocupa hoje a MPB no discurso literário. “A Música Popular Brasileira”, com recorte para o Tropicalismo, e destaque para Caetano Veloso e Gilberto Gil, além de valorizar o “Som universal”, busca associar a produção dos baianos à Poesia Concreta e situar esses movimentos no hall das legítimas “vanguardas brasileiras”. A pesquisa nos proporcionou uma visitação ao campo da Literatura e da Intersemiose. Nesta, apontando a importância da dialética música-literatura, essa relação entre os códigos que se imbricam imantados na letra das canções; naquela, os elementos caracterizadores que fizeram das canções de Caetano e Gil verdadeira manifestação de Vanguarda Poética. Ao utilizar a “Música Popular Brasileira” como agente facilitador do processo de ensino da leitura literária, tomamos as canções desses compositores-poetas, como uma porta de entrada para a poesia; esse novo espaço de leitura da Poesia Concreta.

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3 de maio de 2004

Irenise Acioli Barbosa dos Santos

Abordagem Gramatical no Ensino-Aprendizagem de Francês Língua Estrangeira a Brasileiros: uma avaliação crítica

Orientação: Gilza Macedo dos Santos
Área de Concentração: Linguística

Partindo de reflexões sobre o ensino da gramática em sala de aula de língua estrangeira, vieram-nos questionamentos sobre a prática do ensino do Francês Língua Estrangeira (FLE) no Brasil: que tipo de abordagem gramatical o professor de francês adota na sua didática em sala de aula? O ensino gramatical de hoje baseia-se na transmissão de saberes formais ou tem como meta levar o aluno a perceber a importância do elemento lingüístico como formador de sentido? Será que a didática do professor contribui para o desenvolvimento cognitivo do aprendiz, levando-o a refletir sobre a língua e seus usos? No intuito de conseguir respostas para esses questionamentos, realizamos uma pesquisa observando os momentos de explicação gramatical em sala de aula de três professores de FLE em Recife e descrevemos também as propostas pedagógicas contidas nos manuais didáticos adotados pelos professores. Baseando-nos em pressupostos teóricos dos lingüistas: Roulet (1978), Puren (1988, 2003), Germain (1993), Martinez (1996), Rivenc (1982), Bange (2003), Santacroce (1999), para a Lingüística Aplicada ao ensino do FLE, constatamos que os professores observados trabalham com estratégias diferentes no que se refere à abordagem gramatical: tradicional, estrutural, explícita indutiva, dedutiva e interacionista. Na análise dos dados, procuramos destacar pontos positivos nas abordagens gramaticais dos professores e pontos que poderiam ter sido trabalhados valorizando os aspectos cognitivos da aprendizagem de línguas. Em síntese, os professores desenvolvem um certo ecletismo na medida em que buscam adaptar técnicas pedagógicas que atendam aos anseios dos seus alunos e também por basearem suas aulas nos manuais didáticos que, por sua vez, são ecléticos em sua metodologia.

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