Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

8 de março de 2004

Vera Lúcia de Lucena Moura

Construindo Sentidos e Vislumbrando Caminhos Através da Mediação no Ensino do Inglês como Língua Estrangeira

Orientação: Abuêndia Padilha Peixoto Pinto
Área de Concentração: Linguística

Minha experiência como professora de Prática de Ensino de Inglês e os projetos que desenvolvi com professores e alunos de escolas estaduais parecem indicar a existência do predomínio de abordagens estruturalistas no ensino de inglês na Rede Pública, privilegiando o estudo léxico-gramatical em detrimento dos usos da língua em contextos comunicativos. Por isso, é comum existir uma centralização das atividades didáticas na figura do professor, ao mesmo tempo em que ocorre um desestímulo à colaboração entre os alunos visando à aprendizagem. Pelas razões expostas, foi desenvolvido um estudo, com bases sociointeracionistas, com o objetivo principal de promover a intervenção pedagógica da professora-pesquisadora, numa sala de aula do ensino fundamental, para posterior análise de sua mediação com os alunos assim como a dos alunos entre si, com a finalidade de buscar caminhos alternativos para o ensino de inglês em escola pública. Para tanto, foram utilizados os seguintes instrumentos para a coleta de dados: um questionário, um teste de sondagem, um pré-teste, um pós-teste, gravações em áudio e em vídeo, atividades e diários reflexivos. Os resultados da pesquisa demonstraram que a mediação da professora-pesquisadora com os alunos e a dos alunos entre si contribuíram para o desenvolvimento da habilidade de leitura em língua inglesa, para uma maior socialização dos sujeitos assim como iniciaram a preparação dos alunos para a produção de textos. O sucesso da mediação deveu-se, portanto, não só a fatores cognitivos, mas a fatores socioafetivos tais como o aumento da auto-estima e o respeito às diferenças individuais.

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19 de fevereiro de 2004

Marconi Oliveira da Silva

A Apresentação do Mundo pela Linguagem no Jornalismo

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi
Área de Concentração: Linguística

A tese defendida nesta investigação afirma que o jornalismo produz uma representação e um sentido de mundo que podem ser tidos muito mais como um trato que um retrato da realidade. Os fatos jornalísticos, que são formas epistemológicas de organizar o mundo, reforçam contextos de modelos estabilizados e estereotipados, e, paradoxalmente, apresentam grande carga de indeterminação e ambigüidade no relato dos acontecimentos. Sua meta é conquistar as mentes e os corações dos leitores como co-produtores de sentidos. Com uma análise que arranca de dentro da lingüística, assume-se a teoria da indeterminação do significado como um aspecto intrínseco à linguagem e cuja determinação de sentido é fruto de uma construção interativa e discursiva da realidade. Nos dois primeiros capítulos analisam-se, respectivamente, a questão referencial no relato noticioso jornalístico e alguns aspectos da abordagem teórica da referência ao longo dos últimos 50 anos no contexto filosófico e lingüístico a respeito da relação entre linguagem e mundo. Os textos investigados foram retirados de dois jornais (um de circulação nacional e um estadual) e duas revistas, que circularam nos meses de março e abril de 2000. Os capítulos 3, 4 e 5, que constituem o núcleo da análise, demonstram que as noções de intersubjetividade, intencionalidade, dêixis, pressuposição, protótipos, categorias, nomes, anáforas, repetições, ambigüidade, indeterminação e polissemia, empregadas na análise do corpus, permitem defender a tese de que o relato jornalístico da notícia não pode ser tido como espelho da realidade. Não se trata de uma simples reedição das velhas noções de que o jornalismo não é uma atividade neutra sob o aspecto ideológico, mas sim de um aprofundamento de tese nova voltada para aspectos que dizem respeito ao próprio modo de produção de sentido pela atividade referencial ao não se admitir que de um lado está a linguagem e de outro os fatos e que ao indivíduo – o jornalista – cabe usá-los para um relato clarividente e unívoco.

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14 de janeiro de 2004

Moisés Monteiro de Melo Neto

Manguetown: a representação do Recife (PE) na obra de Chico Science e outros poetas do Movimento Mangue (“A Cena Recifense dos Anos 90”)

Orientação: Roland Walter
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Esta dissertação busca suscitar o interesse no aprofundamento de novas abordagens da poesia recifense que ofereçam subsídios para estudos culturais e usa como eixo referencial uma sociedade onde os poetas foram atingidos diretamente pelo processo de globalização. Procura resgatar o que houve de literário no Movimento Mangue ou na Cena Recifense dos anos 90, movimento de vanguarda que aconteceu no Recife, e a estruturação deste legado cultural como tendência. Nosso texto usará a performance e a poesia do líder do Manguebeat, Chico Science, como fio condutor, elemento catalisador, para esmiuçar uma poética diluída em letras de música, shows, filmes, manifestos e entrevistas. Problematizando a diversidade cultural no Nordeste brasileiro, já ressaltada por Gilberto Freyre, pelos escritores regionalistas da década de 30, por Ariano Suassuna e o Movimento Armorial e pelo Tropicalismo no fim dos anos 60, escreveremos sobre a geração Manguebeat (A Cena Recifense dos anos 90), que se formou mesclando o global às tradições locais. Nosso estudo cultural usará as teorias desenvolvidas por Stuart Hall, Homi Bhabha, dentre outros, na tentativa de oferecer possibilidades de interpretação das letras e dos manifestos de Science e de grupos como Mundo Livre S/A e Faces do Subúrbio, para trabalhar as questões de identidade e diferença e, principalmente, a representação da cidade do Recife na obra desses músicos poetas.

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13 de janeiro de 2004

Vicentina Maria Ramires Borba

Gêneros Textuais e Produção de Universitários: o resumo acadêmico

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi
Área de Concentração: Linguística

Este estudo partiu da crescente inquietação de professores universitários com relação à baixa qualidade dos textos dos alunos dos cursos de graduação, sobretudo aqueles recém-ingressos nas universidades. As críticas mais freqüentes referem-se aos graves problemas de compreensão e organização de informações apresentadas nos textos dos alunos, os quais se devem, principalmente, à pouca familiaridade desses alunos com os gêneros textuais que circulam nessa comunidade acadêmica. Os estudos na perspectiva sócio-interacionista, inspirados nas formulações teóricas de Bakhtin sobre gêneros textuais; as abordagens mais recentes da escola norte-americana dos estudos de gêneros na perspectiva da Nova Retórica, sobretudo os trabalhos de Miller ( 1984; 1994) e Swales ( 1990; 1992; 2003 ), e os trabalhos desenvolvidos por Van Dijk e Kintsch sobre as macrorregras de compreensão e redução de informação contribuíram de forma substantiva para que analisássemos o modo como se apresenta a produção desses alunos, especificamente no gênero resumo, que foi indicado nesta pesquisa como sendo o mais produzido por esses membros no contexto das atividades acadêmicas. Foram coletados 167 resumos de alunos dos cursos de graduação na área das Ciências Humanas e Sociais da UFPE e da UFRPE. Após seleção feita a partir de critérios mais gerais, como apresentação de referências, extensão, organização textual e possibilidade de consulta ao texto gerador, foram analisados 45 resumos dos alunos dos cursos de graduação em Letras e Administração, da UFPE, e em História e Sociologia, da UFRPE, com base nos seguintes critérios de composição retórico-discursiva e cognitiva:1) os elementos linguísticos de superfície; 2) a estrutura retórica do gênero resumo e 3) as macro-regras e compreensão de textos. As análises indicaram que os textos produzidos por esses alunos não correspondem às exigências postas pela comunidade acadêmica, provavelmente porque, entre outras razões, esses alunos não internalizaram a consciência de que vários fatores afetam a produção de textos, entre eles, o propósito, o público e o contexto. Um dos caminhos seguros para resolver esta questão é o investimento sistemático e intensivo no ensino de gêneros textuais, ampliando-se as formas de acesso e exposição desses alunos aos diferentes gêneros que circulam na universidade, de modo a se promover a participação efetiva na produção discursiva dessa comunidade.

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29 de agosto de 2003

José Genildo Cordeiro Santos

A Queda do Eu e o Gozo da Linguagem em A Paixão Segundo G.H.

Orientação: Lourival Holanda
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Este estudo tem como objetivo, pelo viés da interdisciplinaridade, fazer uma leitura do conceito de sujeito na modernidade a partir do texto clariceano A Paixão Segundo G.H. Para tanto, trazemos o discurso psicanalítico como uma nova forma de pensar o homem e a dimensão da verdade propondo, assim, uma crítica literária em que a idéia do inconsciente subverte a concepção clássica do eu narrativo - não mais efeito de uma visão transcendental - mas efeito de linguagem e desejo. Propomos com essa consideração estabelecer um diálogo entre sujeito da escritura e sujeito do inconsciente formalizando, pois, uma teoria de conjunto que possibilite uma prática de leitura a partir do inconsciente.

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11 de agosto de 2003

Kátia de França Monteiro Vasconcelos

Utopia das Transculturas: Maira e Ashini

Orientação: Sebastien Joachim
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Este trabalho tem por finalidade a análise comparativa da figura do ameríndio, dentro de um processo de formação de identidade multicultural, nos romances Maíra, do brasileiro Darcy Ribeiro e Ashini, do quebequense Yves Thériault. Trata-se de examinar as possibilidades de reconstrução, via ficção, da imagem de comunidades étnicas postas habitualmente à margem da sociedade. As obras escolhidas tematizam o hibridismo, a memória, a territorialização; caracterizam também o índio como sujeito-cidadão. Nosso alicerce teórico remete principalmente aos conceitos bakhtinianos de discurso, dialogismo, polifonia que nos ajudaram a reler os textos, a reconstruí-los com vista a uma reflexão crítica sobre a realidade histórica dos índios do Brasil e do Canadá, assim como sobre o imaginário projetado sobre ambas as comunidades através de seus representantes ficcionais. Além de Bakhtin, temos solicitado igualmente os recursos de Néstor Canclini e Homi Bhabha para esclarecer os conflitos interétnicos suscitados nos textos pela presença de personagens que, por mais estranhos que possam parecer, são membros autênticos de nossa americanidade.

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16 de junho de 2003

Fabiana Câmara Furtado

Perfis da Belle Époque Brasileira: uma análise das figuras femininas em Lima Barreto

Orientação: Yaracylda Oliveira Farias
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Por apontar na sua obra, os mecanismos utilizados pela ideologia de sua época para limitar a participação feminina na sociedade, Lima Barreto oferece um corpus bastante fértil para a análise da mulher na Belle Époque brasileira. Através das suas personagens femininas é possível verificar os papéis destinados às mulheres que, nesse contexto histórico-social, assumiam uma posição subalterna em quase todos os setores da sociedade. Como material para essa análise foram usados dois romances do autor: Numa e a Ninfa e Clara dos Anjos. No primeiro, foi analisada a mulher burguesa e no segundo, a mulher negra e a suburbana. No estudo das figuras femininas dos romances citados e de outras obras utilizadas, é possível constatar que o autor denuncia as opressões sofridas pelas mulheres da sua contemporaneidade. Para a abordagem teórica do corpus recorremos ao conceito de gênero formulado por Joan Scott que se encontra no ensaio: Gênero: uma categoria útil para a análise histórica; além da contribuição de outras estudiosas sobre o assunto, como Kate Millet que analisa a estrutura do Patriarcado no texto Uma Política Sexual e de Gayle Rubin com o seu artigo Tráfico de mulheres: notas sobre a “economia” política do sexo, assim como, aos (às) historiadores (as) que se debruçaram sobre a época em questão.

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27 de maio de 2003

Ilzia Maria Zirpoli

Vidas Re-Compostas: aventureiras, peregrinas, viajantes nos contos de Nélida Piñon

Orientação: Luzilá Gonçalves Ferreira
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Visamos a apreciar, na presente pesquisa, os contos de Nélida Piñon, “I Love My Husband”, “Torre de Roccarosa”, “A Sereia Ulisses” e “Finisterre”, evidenciando os processos de construção de sentido com relação às representações da mulher em nível do enunciado e da enunciação e relevando, nessas narrativas, o motivo condutor da viagem enquanto signo da maioridade feminina. Partindo da concepção da mulher nos discursos cristão e greco-latino, a escrita da autora opera uma refiguração da tradição, desviando o foco narrativo de uma posição fixada no masculino para ressignificar experiências da alteridade feminina e latino-americana.

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22 de maio de 2003

Edna Guedes de Souza

Dissertação: gênero ou tipo textual?

Orientação: Abuêndia Padilha Peixoto Pinto
Área de Concentração: Linguística

Resumo: O propósito deste trabalho é situar a dissertação como um gênero textual, a fim de desfazer o conflito existente entre seu conceito sob a ótica da tipologia textual tradicional e sua concepção na perspectiva sociointeracionista. Para tanto, fizemos uma breve apreciação da base epistemológica de língua/linguagem, do ponto de vista bakhtiniano, para, em seguida, discorremos sobre a noção de gênero e tipos textuais, fundamentando-nos nos postulados de Bakhtin (1992), Bronckart (1999), Dolz & Schneuwly (1996), Marcuschi (2000), entre outros; explicitamos a concepção de dissertação, numa perspectiva tradicional e procedemos à sua caracterização como gênero textual. Assentados nesse referencial teórico, finalizamos esta pesquisa comprovando nossa proposição com a análise dos questionários aplicados a professores de Língua Portuguesa do Colégio Visão, da Escola Dom Vital e do CEFET-PE (em Recife e em Pesqueira) e das dissertações produzidas por seus alunos. A análise dos questionários constatou a existência de uma confusão conceptual quanto à natureza discursiva da dissertação; já a análise dos textos permitiu-nos, a partir da observação das características dos planos da situação de ação de linguagem, discursivo e das propriedades lingüístico-discursivas – sobretudo, ao ser estabelecido o seu contexto de produção, tornar evidente a proposição de que a dissertação constitui-se num gênero textual. Esperamos que este esclarecimento venha a contribuir para que o processo ensino-aprendizagem da dissertação na escola torne-se mais natural e acessível à prática docente e ao aluno concluinte do Ensino Médio.

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19 de maio de 2003

João Jesus Rosa

Intertexto e Identidade Cultural em Aquele Um, de Benedito Monteiro

Orientação: Sônia Lucia Ramalho de Farias
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Este trabalho surgiu da necessidade de se estudar regionalismo e identidade cultural no romance Aquele um, do escritor paraense Benedito Monteiro, discutindo seus aspectos intertextuais à luz da teoria da intertextualidade do teórico soviético Mikhail Bakhtin. Escolheu-se Aquele Um por ser o livro que encerra a tetralogia do autor, onde está reunida somente a fala individualizada de seu personagem-elo Miguel dos Santos Prazeres extraída das obras anteriores, Verde vagomundo (1972), O minossauro (1975) e A terceira margem (1983). Trata-se de um monólogo reflexivo, onde o protagonista apresenta uma retrospectiva de sua vida, desde Verde vagomundo até A terceira margem. Seu interlocutor, nesta retrospectiva, é o próprio Benedito Monteiro. Publicado em 1985, Aquele Um está dividido em três momentos que correspondem aos três romances que o precederam: narrado a um major, narrado a um geólogo, narrado a um geógrafo. Todos aparecem no romance como interlocutores implícitos de um relato que se dá em primeira pessoa e a posteriori dos fatos. Aqui o herói da narrativa encerra sua epopéia iniciada em Verde vagomundo, passando pelos demais romances que lhe servem de caminhos e cenários para suas aventuras durante suas viagens pela Amazônia.

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