Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

31 de março de 1997

Josilete Alves Moreira de Azevedo

Aspectos de Conversação Infantil: organização tópica, argumentação e relação interpessoal

Orientação: Dóris de Arruda Carneiro da Cunha
Área de Concentração: Linguística

Resumo: Este trabalho tem por objetivo descrever alguns traços essenciais das condutas dialógicas infantis, procurando observar como as crianças interagem e organizam a conversação entre si. Para investigar essas interações verbais, foram desenvolvidos dois níveis de análise. No primeiro, que se refere aos conteúdos, foram observados os modos de encadeamento dos enunciados, os movimentos dialógicos, as ações tópicas e as condutas argumentativas, que se mostraram como aspectos reveladores da organização do diálogo. Além disso, buscamos verificar as relações que se estabelecem entre os modos de encadeamentos e as estratégias argumentativas, com o propósito de observar as capacidades de argumentação apresentada pelos participantes. No segundo nível, foram observadas as relações entre os interactantes, procurando verificar como se processou a dinâmica de distribuição de papéis discursivos assumidos no curso da interação.

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Kátia Maria Barreto da Silva Leite

Canção do Exílio: reescrituras

Orientação: Sebastien Joachim
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo mostrar como e porquê o poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, escrito em 1843, tornou-se um instrumento de comunicação simbólica, com o qual autores de épocas diversas e de momentos históricos diferentes dialogaram e continuam a dialogar ao longo da história da literatura brasileira. O corpus constui-se, portanto, ademais do texto básico das reescrituras da canção do exílio. O trabalho aborda aspectos dialógicos, míticos, comunicacionais e culturais. Na perspectiva de comprovas a hipótese de que o referido poema transformou-se em uma imagem simbólica redificiu-se a leitura intertextual, com o intuito de mostrar que o poema continua a habitar o imaginário cultural brasileiro.

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José Haroldo Nazaré Queiroga

A Sensualidade da Cor nos Sonetos de Florbela Espanca

Orientação: Roland Walter
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Nesta dissertação abordamos a presença do elemento cromático na obra da poetisa Florbela Espanca, articulando-o com o sensualismo do qual se constitui representação. Analisando textos de sua produção poética, nossa leitura pontua a relação do elemento indicativo da cor em consonância e ligação com estados peculiares de emotividade. Sem partir para o biografismo mas, considerando a obra literária como fenômeno humano a "priori", rastreamos a construção poética da Autora, cujo filtro subjetivo denuncia a "poetisa viva" de que falou o também poeta português, José Régio, em estudo sobre Florbela. Pulsante de sensualismo, amor e dor, é a poesia estudada. A utilização dos elementos sensoriais que geram as perplexidades com que constrói sua poesia, a lírica florbeliana conjuga sentimentos antitéticos que se harmonizam através da arte. Poesia autoreferente em que as metáforas e as sinestesias despontam numa peça de estilo elegante e ousado. O alvo da nossa leitura é o poema e sua relação especial cambiante entre o real e o poético. É uma leitura para se somar às que existem e às que virão.

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21 de março de 1997

Eudênio Bezerra da Silva

A Substituição da Soante Palatal/λ/: uma representação não-linear

Orientação: Marígia Ana de Moura Viana
Área de Concentração: Linguística

Resumo:

Esta dissertação de mestrado, intitulada “A Substituição da Soante Palatal /λ/: uma representação não-linear”, objetiva interpretar os processos fonológicos pertinentes à substituição da soante palatal /λ/, estabelecendo a sua representação auto-segmental. Constatadas na fala de crianças em fase de aquisição fonológica, realizações que alternam, por exemplo, [bi’λeti] com [bi’eti], [mu’λε] com [mu’lε] e [pa’λasu] com [paj’asu] são produzidas por adultos com sistema fonológico estável, razão pela qual rotula-se como substituição o objeto deste estudo: as produções [λ→ø], [λ→l] e [λ→j] de falantes do Município de Iguatu, Estado do Ceará, Nordeste do Brasil. A fonologia auto-segmental elege o princípio da não-linearidade e modelos de traços hierarquizados com fatores capazes de expressar a naturalidade dos processos fonológicos. Assim, adota-se a geometria de traços (CLEMENTS & HUME, 1993) e a representação da soante palatal /λ/ enquanto um segmento geminado e complexo (WETZELS, 1996), como propostas adequadas para uma explanação satisfatória das substituições. Como resultado de análise, foram obtidas as seguintes interpretações das substituições: [λ→ø] posições tônicas e postônicas: desligamento da raiz, cancelamento dos tempos do /λ/ e perda do segmento dos níveis melódico e métrico; posição postônica: desligamento da raiz e cancelamento de um dos tempos do /λ/, com perda do segmento melódico e em virtude da tonicidade do segmento adjacente ao /λ/, manutenção do outro tempo, com alongamento do núcleo da sílaba tônica. [λ→l]: desligamento da articulação menor (nó vocálico) do /λ/, com cancelamento de um tempo e criação do segmento simples /l/. [λ→j]: desligamento da articulação maior do /λ/ (traço [coronal] subordinado ao ponto de articulação da consoante), com cancelamento de um tempo /λ/ e criação do segmento simples /i/, posteriormente caracterizado como o glide [j], pela reorganização da estrutura silábica.

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17 de março de 1997

Márcia Rodrigues de Souza Mendonça

Esquemas Gráficos e Representação Textual no Processo de Compreensão

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi
Área de Concentração: Linguística

Resumo: O objetivo central deste trabalho é investigar as operações cognitivas envolvidas na representação do conteúdo semântico de textos expositivos sob a forma de esquemas gráficos, especificamente do tipo mapas conceituais. Tomando a relação entre os mapas conceituais e a compreensão de textos como eixo de direção, buscamos apoio nas teorias de reelaboração de textos e estruturas textuais (KINTSCH & VAN DIJK, 1975, VAN DIJK, 1983), processos de compreensão (KLEIMAN, 1989, 1992; MARCUSCHI, 1989, 1996) e modelos mentais (MINSKY, 1980, VAN DIJK, 1992a, 1992b, 1994). Considerando essa base teórica, analisamos as estratégias sintático-semânticas utilizadas na transformação de informação textual linear para uma organização gráfica, tais como substantivação, apagamento, generalização e paráfrase, além de aspectos como hierarquia de conceitos e disposição espacial, a fim de evidenciar de que modo a macroestrutura semântica do texto está representada nos mapas conceituais. Outra preocupação foi o uso dos esquemas gráficos como ferramentas pedagógicas para auxiliar o desenvolvimento da capacidade de compreender textos na escola, como postulam Anderson & Huang (1989), Caverly & Orlando (1991); West, Farner & Wolff (1991); e Wood, Lapp & Flood (1992). Assim, destinamos o capítulo quatro para sugestões de aplicação dos esquemas na sala de aula. Participaram da pesquisa 28 informantes, todos cursando a 8ª série num colégio privado da cidade do Recife. Em duas etapas, os sujeitos produziram, a partir de dois textos expositivos, um total de 58 mapas conceituais, que vieram a constituir o corpus desta investigação.

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Joana D’Arc de Mendonça Cavalcanti

Literatura Infantil e Psicanálise: leitura de “Mulheres de Coragem” (Ruth Rocha)

Orientação: Sebastien Joachim
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: O projeto de intercambiar Literatura Infantil e Psicanálise surge da observação de que a experiência de leitura no período da infância enriquece a visão de mundo da criança, tornando-a mais capaz de compreender seus conflitos internos. Lendo, realiza também uma leitura de si, percorrendo, então, o caminho do seu próprio desejo. Partimos do pressuposto de que a nossa compreensão do mundo estabelece-se a partir da entrada no simbólico. Assim, entre dois dos dizeres psicanalítico e literário, pelo viés da linguagem apontamos a literatura como espaço próprio para se ampliar o mundo simbólico. Desta forma, para fundamentar nossa hipótese, realizamos uma análise do livro de contos Mulheres de Coragem, de Ruth Rocha tomando como método a proposta de Catherine Wieder que entende que o entrecruzamento entre literatura e psicanálise deve acontecer pontuado pela relação triangular entre texto-leitor-autor. Viabilizamos nosso trajeto acompanhando um caso clínico, nomeado por nós como “A Menina ‘N’: esperando o renascer”, no qual confirmamos nossas hipóteses a partir do momento em que a menina “N” escolhe o livro mulheres de coragem como seu principal dizer durante várias sessões terapêuticas. Na primeira parte, tratamos da análise do conto Mulheres de Coragem tomando como diretriz a teoria psicanalítica de Melanie Klein, enfatizando os estados esquizoparanóides fundamentadores da formação egóica, como também da estrutura psíquica do sujeito. Tratamos também dos processos de busca e escolha do texto apontando sempre para as relações identificatórias e de expecularização nas quais estão envolvidos o texto e o leitor. Ainda nesta parte, apontamos alguns aspectos psicanalíticos envolvem a estrutura de Ruth Rocha e, conseqüentemente, a recorrência temática dos textos da autora. Na busca de uma aliança entre teoria e prática, seguimos para a segunda parte produzindo uma análise do conto Lenda da Moça Guerreira, realizando uma abordagem sobre os conflitos edípicos baseando-se nas teorias freudianas, como a metáfora paterna “Em-nome-do-pai” e algumas informações de Jacques Lacan, principalmente o triângulo de quatro vértices. Numa terceira parte, focalizamos o momento de castração no qual deverá ocorrer o declínio dos conflitos edípicos e, conseqüentemente, uma busca maior pela conquista da maturidade e individuação. Na quarta e última parte, tentamos realizar uma articulação entre as teorias e textos apresentados, tecendo algumas considerações entre literatura-criança-psicanálise concretizadas no estudo de um caso clínico, “A Menina ‘N’: esperando o renascer”, o qual tivemos a oportunidade de acompanhar durante dois anos e de fundamental importância para o desenvolvimento da nossa pesquisa. Finalmente, nossa dissertação pretende apresentar a literatura como abertura para o múltiplo, dizer inesgotável capaz de suscitar inúmeros trajetos possibilitadores de uma vivência mais rica, na qual o vir-a-ser assegura a verdade da relação entre o real e o fictício.

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15 de março de 1997

Maura Lúcia Fernandes Penna

Identidade Social, Linguagem e Discurso

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi
Área de Concentração: Linguística (Doutorado)

Resumo: Este trabalho constitui um aprofundamento da discussão do conceito de identidade social a partir de um enfoque centrado nas questões de linguagem, incorporando subsídios da lingüística numa elaboração teórica original. Inicialmente, analisamos criticamente abordagens lingüísticas da identidade. Investigamos, em seguida, a contribuição da teoria dos atos de fala, não simplesmente acomodando nosso tema às classificações de Austin ou Searle. Exploramos o aparato teórico da teoria, construindo, numa articulação própria, um tratamento da atribuição de identidade social como um ato de fala. Examinamos, então, o tratamento da atribuição de identidade social como um ato lingüístico de categorização, enfocando a ação estruturante do indivíduo no processo de categorização por protótipo e a importância dos referenciais culturais – os estereótipos sociais. Considerando a linguagem enquanto prática discursiva que constrói representações de identidade social, a análise empírica volta-se para o discurso jornalístico acerca da campanha presidencial de 1994. Mostramos como atos de fala e de categorização articulam-se a estratégias lingüístico-discursivas diversas – como as relativas à metáfora, à referência e à intertextualidade. As distintas representações de identidade atribuídas aos principais candidatos recolocam, com constância, a oposição social entre pensadores e trabalhadores. Finalmente, estabelecemos uma concepção de linguagem que enfatiza sua função estruturante, seu papel na organização significativa do mundo social, sem desconsiderar que a língua, por seu caráter histórico e social, influi sobre o modo como o indivíduo apreende a experiência. Concluímos que a perspectiva lingüística consolida o tratamento da identidade social enquanto construção simbólica, ao mesmo tempo em que este tratamento requer tal perspectiva.

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10 de março de 1997

Margarete Alves da Silva

Vozes em Grande Sertão: Veredas (abordagem bakhtiniana do romance de Guimarães Rosa)

Orientação: Ivaldo Santos Bittencourt
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Este trabalho apresenta uma leitura de Grande Sertão: Veredas à luz dos estudos desenvolvidos por Bakhtin sobre polifonia e dialogismo. No primeiro capítulo, mostramos como Riobaldo incorpora em seu discurso outras vozes, tais como a de Diadorim e a de Otacília. Ainda neste capítulo, verificamos que a troca de falas que se dá entre Riobaldo e Diadorim é uma estratégia polifônica, que equivale também à inversão dos papéis sociais desempenhados por eles na narrativa. No segundo capítulo, analisamos o dialogismo que se instaura entre o narrador e o interlocutor. Apesar de este não pronunciar nenhuma palavra, podemos ouvir a sua voz, por meio das réplicas que se presentificam na fala de Riobaldo. Temos, desta forma, acesso não só ao discurso possível do interlocutor, mas também as suas reações fisionômicas e aos seus gestos. No terceiro capítulo, ampliamos a teoria do dialogismo de Bakhtin, interligando-a às funções do olhar, estudadas por Argyle et alli (1973), para que pudéssemos dar conta da linguagem do olhar, presente na interação verbal de Riobaldo com Diadorim. Em suma, na realização da análise, procuramos mostrar o quanto a influência do olhar e da voz do outro foi decisiva no processo de transformação e de amadurecimento dos personagens envolvidos no diálogo.

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