Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

29 de dezembro de 1997

Tany Mara Monfredini Cordeiro de Moura

Norma e Variação Lingüística no Ensino de Português: ciência e senso comum na construção do saber docente

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi
Área de Concentração: Linguística

Resumo: Esta dissertação procura responder parcialmente a uma pergunta geral: qual a especificidade do saber do professor de língua portuguesa? Delimitando a questão, formulamos outra: onde e como esse saber se aproxima ou se distancia da epistemologia popular e das teorias lingüísticas? Diante disso, tentamos situar o conhecimento do professor de língua materna em relação a outros tipos de saberes socialmente disponíveis; dentre os quais, chamamos a atenção para as representações sociais de norma e variação lingüística e suas implicações para a didática dos conteúdos curriculares no ensino de português. Para situar o conhecimento docente, analisamos o discurso de uma matéria jornalística e 20 questionários respondidos por professores em formação inicial e continuada. A partir do que, foram resgatados os fundamentos teóricos da tradição gramatical escolar e os indícios que apresentam leituras alternativas a esse modelo. Nossas análises confirmam que a predominância das representações sociais de norma e variação lingüística, no ensino de língua portuguesa, se dá pela não-integração dos conhecimentos necessários para o envolvimento do professorado com novas abordagens da realidade lingüística. Por outro lado, os conflitos teóricos emergentes na leitura dos formandos revelaram onde e como seria preciso investir para a superação dialética de algumas das representações do senso comum, na construção de um saber docente especializado. Identificando o conceito de ‘norma’ com o de ‘língua’ ou com o de ‘gramática’ (no singular) e alinhando o conceito de ‘variação lingüística’ aos de ‘fala’ ou ‘vício’, a maioria dos discursos que constituem nossos dados ainda favorece a avaliação das manifestações lingüísticas nos limites do ‘certo/errado’ da tradição gramatical. Pensando a formação lingüística dos sujeitos de nossa pesquisa, podemos concluir que: ou o conhecimento prévio dos futuros professores não tem sido suficientemente desafiado; ou ainda, que o professor de português não está alerta para a necessidade de escrutinar o conhecimento partilhado por sua audiência. Para definir as necessidades de explicitude e as possibilidades de implicitude de seu próprio discurso, é preciso que se defina o lugar do discurso docente no contínuo entre epistemologia popular e saber científico. Nesse sentido, nossas conclusões não apontam soluções, mas desafios: de um lado, como objetivação de um saber especializado, o discurso do professor de português deve revelar a percepção paradigmática das abordagens históricas do fenômeno lingüístico; e de outro, como fonte privilegiada para a produção de representações sociais, seu discurso deve promover o desnivelamento dos saberes em questão, sem o comprometimento da qualidade de informação.

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