Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

18 de dezembro de 1998

Fanuel Melo Paes Barreto

Antecipação e Interpretação no Discurso Conversacional

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi e Maria da Piedade Moreira de Sá
Área de Concentração: Linguística

Resumo: Este trabalho constitui uma investigação sobre o fenômeno conversacional que aqui se denomina de antecipação, e que consiste na intervenção do ouvinte na fala do interlocutor corrente com o propósito de sugerir o próximo segmento da seqüência verbal em produção. A investigação é desenvolvida em duas etapas principais. Na primeira, busca-se caracterizar o lugar do fenômeno na estrutura organizacional da conversação. Assim, por um lado, procede-se à descrição da estrutura seqüencial das ocorrências da antecipação, bem como das formas que os segmentos verbais antecipados podem assumir. Por outro lado, é feito um levantamento de algumas funções que a antecipação desempenha na condução do discurso conversacional. Na segunda etapa da investigação procura-se analisar quais são as implicações do fenômeno para o estudo dos processos interpretativos da linguagem falada. A suposição básica é que a antecipação reflete de maneira particularmente clara as operações interpretativas executadas pelo ouvinte sob a fala em curso, uma vez que, ao colaborar para a progressão da seqüência verbal, ele contribui igualmente para a formulação da intenção comunicativa do locutor corrente. Busca-se, então, uma abordagem que possa explicar como é possível ao ouvinte configurar a intenção do locutor antes mesmo que este tenha concluído o enunciado. O propósito último dessa etapa do trabalho é, portanto, avançar no entendimento da atividade desempenhada pelo ouvinte no discurso conversacional – uma atividade que é essencialmente co-produtora de sentidos, e, como tal, parece manifestar-se no fenômeno da antecipação.

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30 de setembro de 1998

Valéria Severina Gomes

Concepções de Língua e Implicações para o Ensino: análise da palavra de professores de português e de alunos de Letras

Orientação: Maria Irandé Costa Morais Antunes
Área de Concentração: Linguística

Resumo: Neste trabalho, procuramos identificar as concepções de língua expressas na opinião de professores atuantes no ensino de 1º e 2º graus e de estudantes de letras. Nosso objetivo consistiu em verificar para onde se dirige o ensino da Língua Portuguesa, tendo em vista as concepções de língua que predominam nesses dois grupos. Para a realização desta pesquisa, os 80 (oitenta) informantes (40 professores e 40 estudantes de letras) complementaram, por escrito, o seguinte enunciado: “Você compreende que uma língua é...”. o discurso dos informantes revelou diferentes pontos de vista acerca da língua, a saber: língua como código; língua como meio de comunicação; língua como prática de interação social, entre outras. Entre essas percepções sobre a língua, algumas revelam-se ora reduzidas, ora mais amplas, dependendo da perspectiva de análise com a qual estiver correlacionada, como, por exemplo, o enfoque estruturalista ou pragmático. O interesse em investigar como, hoje, os professores concebem a língua e, também, observar as possíveis mudanças dessas concepções no grupo dos estudantes de Letras, futuros professores, derivou do princípio de que o processo ensino-aprendizagem da língua fundamenta-se, também, nas diversas concepções que se nutrem a seu respeito. A nosso ver, os resultados mais positivos desse processo estão vinculados às concepções mais abrangentes de língua. Dessa forma, para que o ensino da língua ocorra de forma mais relevante, direcionado para a transformação social, tornam-se necessárias, na formação dos educadores, reflexões bem fundamentadas acerca do que é uma língua e de seus conseqüências na prática de ensino. E foi com esse propósito que desenvolvemos este trabalho.

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29 de setembro de 1998

Carlos César Mascarenhas de Souza

O Sujeito Pulsional e a Letra: uma possibilidade de leitura do texto literário

Orientação: Sebastien Joachim e Yaracilda Farias de Oliveira Coimet
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Seguindo a linha de pesquisa em Literatura e Psicanálise, o nosso estudo visa, num primeiro momento, fazer um breve percurso historiográfico da noção de sujeito desde a filosofia até a psicanálise. Esse sucinto trajeto se justifica pelo fato de ser esta noção pertencente ao domínio essencialmente filosófico. A psicanálise tomou-a de empréstimo, subvertendo-a de forma radical ao enunciar a existência do inconsciente. Com efeito, se antes o sujeito do pensamento clássico votava o máximo privilégio à consciência - entendida monoliticamente no topo de uma pretensa unidade, donde se pressupunha autorizada a dar sentido a toda e qualquer experiência interna e/ou externa - com a proclamação do inconsciente, esta autarquia racionalista desmorona, resultando na aparição de outras formas de racionalidade. Em seguida, procuramos apresentar alguns pontos de aproximação e de afastamento entre os dois campos do nosso binômio interdisciplinar, com o escopo de identificar o alcance de cada um no que se refere ao nosso enfoque temático, qual seja: a noção de sujeito, sob as perspectivas psicanalíticas e da Teoria Literária. A título de ilustração, empreenderemos uma possível leitura em textos poéticos de Manoel de Barros, no intuito de verificar a incidência do que aqui tratamos pelo nome de “sujeito pulsional”. A finalidade deste estudo é lastrear futuras abordagens psico-críticas, levando em conta uma categoria renovada do sujeito que, em termos freud-lacanianos, se norteia pela dimensão das pulsões.

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21 de setembro de 1998

Elcy Luiz da Cruz

A Simulação Real: a narrativa carreriana em “Somos Pedras que se Consomem” e o mundo pós-moderno

Orientação: Roland Walter
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Diante de uma realidade que se virtualiza, ou mais exatamente, que se torna surreal segundo as características pós-modernas, trazemos a obra Somos Pedras que se Consomem (Raimundo Carrero) e através dela tentamos demonstrar que se os meios de comunicação de massa elidem a realidade pela concomitância dos acontecimentos diários, essa mesma realidade é acolhida, presentificada pela narrativa carreriana. Ao revelar os fatos do cotidiano, através das notícias do dia-a-dia, e cruzá-los com textos de outros autores no corpo do romance, o autor cria um ambiente lúdico onde fato e ficção se confundem chegando mesmo a trocar suas identidades. Essa possibilidade fusionesca ou interativa denominamos simulação real. Ao fusionar textos diversos, o romance mergulha nas contradições da própria sociedade revelando assim seu ato socialmente simbólico, tornando-se, desta maneira, restaurador não só da realidade mas também do próprio fazer artístico.

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14 de setembro de 1998

Ana Márcia de Lima

Discurso Persuasivo e Função Adverbial em Publicidades Brasileiras de Televisão

Orientação: Yaracylda Oliveira Farias Coimet e Gilda Maria Lins Araújo
Área de Concentração: Linguística

Resumo: Pesquisa com o objetivo de analisar a linguagem persuasiva em publicidades televisivas brasileiras através da mobilidade dos advérbios. Para a linguagem persuasiva, recorremos à concepção de discurso persuasivo segundo Aristóteles (1961) e de discurso publicitário segundo Charaudeau (1983). Em relação à mobilidade adverbial, percorremos as abordagens teóricas defendidas por Ilari et al (l989) que propõem a existência de algumas classes adverbiais, e trabalham com os escopos que podem acompanhar cada advérbio. São raros os trabalhos sobre os advérbios e seus escopos, especialmente no que se refere à posição que ocupam com valor persuasivo em publicidades brasileiras de televisão. Como resultado da análise, pode-se afirmar que nem todas as classes adverbiais propostas ocorreram devido à extensão de alguns advérbios, na maioria longos, em relação à curta duração (de 15 e 30 segundos) da apresentação dos textos publicitários na televisão. No entanto, este estudo revelou que a função dos advérbios, juntamente com os escopos que os acompanham e as diversas ordens em que eles podem se encontrar, e um fator de persuasão no discurso publicitário televisivo brasileiro.

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27 de abril de 1998

Maria Francisca Oliveira Santos

As Relações de Poder na Interação Professor-Aluno em Contexto Universitário

Orientação: Marígia Ana de Moura Viana
Área de Concentração: Linguística (Doutorado)

Resumo: Este trabalho investiga as marcas lingüísticas de poder na relação professor / aluno, em contexto universitário de sala de aula, pelo fato de ser esse o espaço em que professor e alunos trabalham na construção do sentido discursivo, segundo a prática de um comportamento pedagógico, que deveria ser voltado para o aluno como centro das atividades acadêmicas, bem como para a sua socialização por meio das atividades de grupo. A pesquisa utilizou-se de um corpus constituído de gravações e transcrições de quatro aulas geminadas, abrangendo as áreas de letras, saúde, ciências sociais e tecnologia. A análise qualitativa dos dados fundamenta-se numa abordagem de caráter discursivo-interativo, que considera o discurso como o espaço de negociação do sentido e da construção e constituição dos sujeitos que se propõem essa negociação, já que são influenciados pelas determinações sociais. Com base nessas considerações, foram analisados, graças à freqüente ocorrência nas aulas gravadas, os operadores modais, o silêncio à resposta do aluno, as repetições, a duração do turno do professor etc., que são identificados como marcas que fortificam o poder na díade professor / aluno em momentos específicos das aulas gravadas. Apesar de o professor saber que a sala de aula é um lugar de atividades interativas, verificou-se que a interatividade prescrita nos modernos manuais de didática não ocorre efetivamente na sala de aula, por motivos relacionados à formação acadêmica desse professor e à do próprio aluno. Além disso, o contexto acadêmico já se configura como um espaço de hierarquização, contribuindo, assim, para que o professor reproduza a prática do ensino autoritário. A análise minuciosa das marcas lingüísticas evidenciou que o uso dessas marcas no discurso de sala de aula indica a predominância do poder do professor nas situações analisadas.

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20 de abril de 1998

Eliane Ferraz Alves

Construções Lexicais Complexas com o Verbo “Levar

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi
Área de Concentração: Linguística (Doutorado)

Resumo: Este estudo aborda aspectos do funcionamento semântico-sintático-pragmático relativos ao item lexical “levar”, quando este constitui expressões do tipo “levar na conversa”, “levar fim”, “levar em consideração”. A orientação teórica básica está centrada em alguns princípios do funcionalismo lingüístico não-ortodoxo, principalmente, nos que pautam os estudos da língua / linguagem no discurso lingüístico, em situações reais de comunicação, no sentido de que “da forma da língua origina-se o uso da língua”. Para este fim, foram utilizados, preferencialmente, textos orais (entrevistas), de onde foram coletados registros de construções lexicais complexas constituídas com o verbo “levar”. Tais registros foram submetidos, inicialmente, a uma análise em termos qualitativos e constitutivos e, posteriormente, a uma representação semântica co- composicional. Constatou-se, entre outros aspectos, que o item lexical “levar” assume funções mais gramaticais que resultam não só de um processo de variação motivado por questões da língua, previsto no sistema, como também resultam de um processo de variação motivado por fatores discursivos, previsto no discurso. Tais processos de variação, simultaneamente, dependem de um processo de entropia lingüística construcional de base metafórica e metonímica ou, exclusivamente, metonímica. Quanto às conseqüências deste estudo, salienta-se um leque de possibilidades teórico-analíticas, não só em termos de análise e discussão de outros tipos de construções lexicais complexas, constituídas de forma recorrente com outros tipos de verbos (“bater”, “tomar”, etc.), mas, notadamente, em termos de mais uma ampliação dos fundamentos teórico-funcionalistas que centram algumas das diversas formas de variação/ mudança lingüística em uma comprovada similaridade entre o conteúdo de uma forma já existente no uso da língua e um novo conteúdo que lhe é incorporado por meio das diversas formas de realizações discursivas.

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17 de abril de 1998

Angela Paiva Dionisio

Imagens na Oralidade

Orientação: Judith Hoffnagel
Área de Concentração: Linguística (Doutorado)

Resumo: Em interações face a face, a construção de imagens apóia a construção de sentidos. Com base nesta premissa, este trabalho procura investigar, na heterogeneidade discursiva inerente ao discurso oral, como os sistemas de conhecimento (lingüístico, enciclopédico e interacional) e os princípios geradores de imagens (princípios de equivalência perceptual, espacial, transformacional e estrutural) interagem no processamento de imagens mentais, visuais e auditivas, favorecendo a construção de sentido. O corpus em estudo se compõe de interações face a face gravadas numa comunidade negra, analfabeta e semi-isolada do interior paraibano. Numa abordagem interdisciplinar, a perspectiva analítica qualitativa adotada nesta investigação se baseia em contribuições da Antropologia Lingüística, da Sociolingüística Interacional, da Lingüística de Texto, da Análise da Narrativa e da Análise da Conversação. O trabalho está organizado em quatro capítulos. O primeiro capítulo sistematiza os princípios geradores e os sistemas de conhecimento ativados no processamento textual das imagens e seus correlatos lingüístico-discursivos, fornecendo respaldo teórico para análises das imagens nas descrições no capítulo II, das imagens no metadiscursono capítulo III e das imagens nas narrativas no capítulo IV. Cada um desses capítulos, porém, traz noções teóricas específicas aos gêneros e subgêneros comunicativos focalizados, as quais se integram aos pressupostos apresentados no capítulo I, norteando, desta forma, o estudo das imagens. De acordo com as análises, é possível formular uma conclusão geral: a construção de imagens, capacidade peculiar a qualquer usuário da língua, entrelaça experiências novas e antigas na construção de significados, ativando e atualizando os modelos cognitivos socialmente estruturados, favorecendo ao entendimento e ao envolvimento na formulação do texto oral.

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31 de março de 1998

Telma Maria Silva Rego

A Paixão Segundo G. H.: um lugar de iluminação

Orientação: Ivaldo Santos Bittencourt
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Na obra de Clarice Lispector, há uma recorrência a um procedimento caracterizado no campo literário como epifania, instante privilegiado de visão, desarticulador da harmonia cotidiana. Esta manifestação literária é marca característica da escritura clariceana; seu uso permite a escritora fugir do discurso habitual composto por um aparato lógico-racional, procurando registrar o indizível. Assim, o processo epifânico de Clarice Lispector atraiu a nossa atenção por possuir grande semelhança com uma categoria constituinte da filosofia de Walter Benjamin: a iluminação profana. uma vez que, ambas consistem numa visão instantânea, capaz de apontar ao espectador o inexprimível, o incognoscível, o indizível. Nesse sentido, considerando-se as afinidades entre a literatura de Clarice Lispector e a filosofia de Walter Benjamin, no que se refere aos conceitos de iluminação profana e epifania, nosso objetivo consiste em, pelo viés da interdisciplinaridade, promover uma articulação entre Literatura e Filosofia. Para tal empreendimento escolhemos a obra de Clarice Lispector, “A Paixão segundo GH”, por se tratar de um texto que, através de uma metamorfose interior vivenciada pela personagem G.H., narra o episódio de uma revelação/iluminação.

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José Olivá Apolinário

Poemas de Maria do Carmo Barreto Campello de Melo à Luz da Estética da Recepção

Orientação: Roland Walter
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: A pesquisa aqui desenvolvida no âmbito teórico sobre quatro categorias da Estética da Recepção tem como objeto de análise poemas de Maria do Carmo Barreto Campello de Melo nos cinco primeiros momentos de sua poética denominada Música do Silêncio. Com esta investigação, deseja-se esclarecer o processo de recepção de alguns destes poemas onde o leitor é o elemento principal, se considerarmos o seu papel de concretizador do texto poético. Este concretizar, respaldado na historicidade e no efeito estético, constitui o campo em que são levantados e desenvolvidos questionamentos, que tem como substrato reflexões concernentes ao recebimento da produção literária. O estudo aqui realizado procura tecer considerações sobre estas categorias, para depois aplicá-las aos poemas carminianos. Na categoria horizonte de expectativas, são detectadas as esperas do leitor em relação a esses poemas através da determinação deste horizonte. Em seguida aplica-se outra categoria, a distância estética, que se verifica entre o horizonte de expectativas e os códigos artísticos em moda, quando do surgimento do fazer literário da poetisa. A terceira categoria trata do efeito estético onde é evidenciado o impacto que os poemas estudados provocaram no sistema estético através do exame das reações motivadas no leitor. Por fim a concretização, que parece ser o vértice da recepção estética, é explicada pela constituição dos vazios produzidos pela despragmatização e implantados pela lírica moderna no discurso poético consubstanciados nos textos carminianos, fornecendo matéria para a inquirição deste atributo no receptor. Feita a aplicação das categorias, nos anexos encontra-se um farto material bibliográfico no qual estão localizadas muitas das citações feitas no decorrer desta indagação.

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Jacineide Cristina Travassos Cousseiro

Introdução à Poética da Logofania “uma aplicação à Água Viva de Clarice Lispector”

Orientação: Sebastien Joachim
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: A presente dissertação objetiva sistematizar o conceito de logofania, aplicando-o a obra Água Viva de Clarice Lispector. Na primeira parte do nosso trabalho, esboçamos as teorias necessárias à introdução de uma poética logofânica. Com este fim, refutamos o conceito de epifania e perseguimos o seu êxodo da soteriologia à literatura. Buscamos apoio na filosofia grega através das concepções pré-socráticas sobre o Logos, a aletheia e os sentidos psicofísicos, interligando-os às concepções de mímesis e de iluminação profana. Enfatizamos a importância da logofania como estética-semiótica, observando como o Logos, os sentidos e os signos converteram-se em objetos fundamentais de significação e em elementos-pivores para o melhor entendimento da relação sujeito-linguagem na arte e, sobretudo, na literatura. Na segunda parte, ponto central para onde converge a fundamentação teórica mencionada, procuramos demonstrar como a logofania conduz a linguagem ao agenciamento de um constelado de sentidos e signos instaurando a intersemiose. Abordamos o flerte entre as artes empreendendo uma análise comparativa do texto literário e das pinturas abstratas de Clarice Lispector. Ressaltamos, ainda, as virtualidades auditivas da palavra investigando a relação imagem/som.

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30 de março de 1998

Maria Auxiliadora Lustosa Coelho

Atitudes Lingüísticas do Nordestino do Submédio São Francisco

Orientação: Maria Irandé Costa Morais Antunes
Área de Concentração: Linguística

Resumo: Este trabalho constitui uma análise das atitudes lingüísticas de nordestinos do Submédio São Francisco, região atingida pela construção da hidroelétrica de Itaparica. Partimos da hipótese de que o nordestino do Submédio São Francisco que foi para São Paulo, por ocasião do enchimento do lago de Itaparica, e manteve contato com falantes paulistas, ao regressar a sua terra, manifesta atitudes negativas em relação ao seu próprio falar (culturalmente estigmatizado) e positivas em relação ao falar paulista (culturalmente prestigiado). Foram entrevistados, através de questionários e submetidos à audição de amostras dos falares nordestino e paulista, 20 informantes, considerando-se as variáveis: exposição ou não do contato direto com falantes paulistas e nível de instrução. Após o exame dos dados estatísticos e do estudo das entrevistas, que foram analisadas observando-se os postulados da análise do discurso, os resultados indicaram tendência acentuada dos informantes do grupo B (com viagem a São Paulo) a rejeitarem o falar nordestino e a prestigiarem o falar paulista. Os nordestinos do grupo A (sem viagem a São Paulo) manifestaram também, embora de forma menos acentuada, rejeição e admiração pelo falar paulista. Essa atitude foi, no entanto, mais observada entre os informantes analfabetos e os de primeiro e segundo grau. Os de nível superior e os pós-graduados, tanto do grupo A, quanto do grupo B manifestaram atitudes mais positivas em relação ao falar nordestino, demonstrando também, maior consciência lingüística, à medida que respeitam as variedades dialetais do país, muito embora se tenham comportado de maneira diferente em alguns aspectos, quando em presença de estímulos de falas gravadas. Atitude de insegurança lingüística foi, portanto, bastante evidenciada nessa pesquisa e vários fatores parecem explicar sua origem: 1) o preconceito lingüístico do qual são vítimas os nordestinos quando estão no Sul ou Sudeste do país; 2) a influência nos meios de comunicação que apresentam imagens negativas do Nordeste e, conseqüentemente, dos nordestinos; 3) o desconhecimento lingüístico que leva as pessoas a rejeitarem ou a valorizarem uma variedade lingüística, conforme o nível sócio-econômico cultural de seus usuários; 4) a perda da identidade regional provocada pelo êxodo a que foram obrigados os habitantes das cidades atingidas pela construção do lago de Itaparica. Como as mudanças acabam influenciando os hábitos lingüísticos de uma comunidade, torna-se possível entender as atitudes de insegurança manifestadas pelos informantes dessa pesquisa.
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26 de março de 1998

Sérgio Ricardo Soares Farias

Um Oriente Arquetípico por Manoel de Barros

Orientação: Roland Walter
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: A pesquisa desenvolvida aqui propõe uma leitura da obra completa de Manoel de Barros a partir de parâmetros colhidos nas filosofias religiosas do Extremo Oriente, em especial o budismo e o taoísmo, formadoras de um paradigma de visão de mundo que se opõe ao cientificismo do Ocidente. Para viabilizar a comparação entre tais elementos, optou-se pela via da analogia, que permite observar o surgimento de aspectos culturais e/ou filosóficos semelhantes em diferentes sociedades, distintas geográfica e cronologicamente sem que haja indícios de qualquer relação de influência entre elas. Reforçando esta posição, o corpus será confrontado com uma serie de textos de diferentes literaturas que se prestem a comparação analógica com os legados orientais. Seis feixes temáticos principais da poesia do autor são focalizados dentro deste ângulo de aproximação com o pensamento oriental: a preferência pelos cenários bucólicos; a filosofia da não-ação como modo de harmonização com o cosmos; a aprendizagem como processo de abdicação de conhecimentos inúteis; a concepção do homem como único elemento de desarmonia na Natureza; o caráter religioso do relacionamento com os elementos naturais; e a busca de uma linguagem que não comprometa a relação direta com a realidade. A análise possibilita a caracterização dos textos de Manoel de Barros como uma tentativa de retorno às camadas indiciais da linguagem verbal. Ela evidencia o teor religioso deste projeto, no sentido em que, para o escritor, buscar as mais primitivas conexões da palavra com a realidade permite ao homem a consciência do seu papel no Universo.

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9 de março de 1998

Fábio Almeida de Carvalho

O Lugar e a Função de “A Vida como Ela é...” na Obra de Nelson Rodrigues

Orientação: Maria da Piedade Moreira de Sá e Luzilá Gonçalves Ferreira
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Este trabalho busca investigar a evolução da dramaturgia de N. Rodrigues de uma perspectiva em que os contos de A Vida Como Ela É... são um elemento de razoável força explicativa para a caracterização do perfil geral que a obra rodriguiana apresenta. Procuramos demonstrar que as crônicas-contos de A Vida Como Ela É... tornaram-se um campo de experimentação em que o autor buscou as soluções tematicas, estruturais e retórico-estilisticas que vieram a fornecer o suporte para que sua dramaturgia evoluísse de um modelo mais universalizante, assentado sobre a concepção de tragédia grega, para uma vertente em que há uma maior presença de elementos do ambiente nacional. Nosso trabalho visa expor o modo em que as tragédias cariocas retomam e reelaboram as narrativas curtas com o objetivo último de mostrar que a obra rodriguiana é mais homogênea do que os críticos costumam admitir.

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