Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

19 de setembro de 2000

Gilberlande Pereira dos Santos

Ambigüidade Discursiva em Textos Icônico-Verbais Argumentativos de Caráter Público

Orientação: Abuêndia Padilha Peixoto Pinto
Área de Concentração: Linguística

Resumo: A capacidade das línguas humanas de refletirem um aspecto de ambigüidade e imprecisão no discurso permite aos indivíduos-leitores dos textos icônico-verbais argumentativos, de caráter público, a construção de variadas representações interpretativas. Partindo desse pressuposto, esta pesquisa objetivou apreender o processamento da compreensão de doze informantes-leitores do curso de letras, da Universidade Federal de Pernambuco, usando, para tanto, seis textos icônico-verbais, veiculados em revistas e outdoors, extraídos de campanhas publicitárias nacionais. A coleta de dados ocorreu por meio de uso de dois questionários: um socioeconômico e cultural e outro sobre estratégias meta-cognitivas de leitura e compreensão de textos, acompanhados de uma interpretação escrita dos leitores e de um auto-relato (entrevista estruturada). O estudo evidenciou que os textos analisados, em conseqüência da sua estrutura formal, possibilitam variadas interpretações por parte dos leitores e que estes, no processo interativo de compreensão, sob influência de fatores afetivos, cognitivos e sociais, constroem sentidos através da associação das linguagens verbal e não-verbal e, sobretudo, usando informações extra-textuais. Cria-se, portanto, novos e coerentes textos a partir das leituras processadas, por meio do uso efetivo de estratégias, tais como: intertextualidade, inferências, conhecimento prévio, associação de informações e outras; ajudando, assim, a asseverar o caráter de ambigüidade discursiva existente em textos icônico-verbais argumentativos usados em anúncios de exibição na publicidade nacional.

» E-book disponível para acesso na Sala de Leitura César Leal - Centro de Artes e Comunicação - Campus UFPE

11 de setembro de 2000

Karla Galvão Adrião

No Mar dos Sentidos: linguagem, cognição e experiência no contexto da construção do conhecimento social

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi
Área de Concentração: Linguística

Resumo: Este trabalho analisa a construção do conhecimento social, de comunidades lingüísticas que interagem lingüisticamente compartilhando conhecimentos socialmente adquiridos e construídos. Para tanto, adotamos uma noção de língua como prática social dialógica e interativa e "atividade intersubjetiva na e pela qual é constituído um modelo público de mundo" (Mondada, 1994:63). Buscamos compreender o fenômeno da construção de significados e sentidos através de um caso de difusão tecnológica de novos aparelhos eletrônicos – GPS, ecossonda e rádio VHF – a serem acoplados às técnicas de pesca em comunidades pesqueiras do litoral de Pernambuco, a saber: "Praia da Saudade" e "Praia do Sal" (nomes fictícios). Com isto, procuramos avaliar o impacto de novas tecnologias na construção do conhecimento dos indivíduos, analisando os usos lingüísticos provenientes dessa relação de contato com novas linguagens e práticas cotidianas. Tomamos como sujeitos os participantes desse programa de pesca marítima do Programa Estadual de difusão tecnológica do Instituto de Tecnologia de Pernambuco – Peditec/ITEP e os técnicos que promoveram essa difusão tecnológica, através de entrevistas e observações “in loco” das comunidades. Observou-se como os indivíduos numa dada comunidade constroem suas formas de representação cognitiva e como se pode interferir no processo de construção de novos significados, com vistas à difusão tecnológica satisfatória. Os pescadores utilizaram-se de estratégias específicas para construir novos conhecimentos que demarcavam a forma de conviverem em seu mundo, construindo espaços mentais (Fauconier, 1996, 1997, 1999 a e 1999b) onde novos sentidos acoplavam-se a antigas formas de convivência com o trabalho, ocasionado uma mesclagem ou blendingdos sentidos construídos. Além disso, os novos aparelhos eletrônicos foram utilizados em consonância com os antigos. A inserção dos novos conhecimentos pelos técnicos demarcou um momento de construção de sentidos que não favoreceram a compreensão de uma nova utilidade e de confiança com relação aos novos aparelhos.

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