Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

31 de março de 2000

Fabiana Coelho de Souza Leão

Encruzilhadas: encontros e oposições nos cordéis de Manoel Pereira Sobrinho

Orientação: Sebastien Joachim
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: As encruzilhadas que percorreremos constroem seus caminhos na literatura de cordel. Os folhetos do paraibano Manoel Pereira Sobrinho, que compõem esta pesquisa, vão nos falar de encontros que apenas se constróem a partir de desencontros. Separações. Ou seja, vão nos falar de identidades que somente se definem pela diferenciação. Do ser que se faz presença a partir do que não é. Ou da fronteira que marca o ponto de partida para toda viagem. Para toda passagem. Este é, portanto, o tema: o encontro. Ou melhor, a busca desta união sempre provisória, jamais derradeira. E as encruzilhadas de nossos folhetos assim se construirão. São quatro partes definidas a partir dos traços que marcam os casamentos e desencontros entre as personagens. Os pares que se buscam são sempre um homem e uma mulher, um pobre e um rico, um estrangeiro e um habitante da terra, um que habita os espaços de presença e outro que se oculta nos lugares do não-ser. Em cada uma destas partes, que caminham para o encontro, instala-se o desencontro e a contradição. Em cada encruzilhada, a busca de um casamento predestinado. Em cada encruzilhada, uma separação. Em cada encruzilhada, o movimento: de personagens que passam inesgotavelmente do desencontro para o encontro. Encontro que marcará novas passagens em uma interminável teia tecida entre vozes e letras, imaginário e simbólico, ser e não-ser, centro e margem, identidade e diferença.

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30 de março de 2000

Roberta Ramos Marques

Manoel de Barros e Antoni Tápises: “desperdícios” e oralidade numa poética do ordinário

Orientação: Sebastien Joachim
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Empreendemos, neste texto, um estudo comparativo entre Livro sobre Nada (1966), de Manoel de Barros (Cuiabá, 1916) e oito obras do artista plástico Antoni Tàpies (Barcelona, 1923). Estabelecemos, como o ponto de partida para as convergências, a construção, na obra de ambos os artistas, de uma poética do ordinário. Esta poética compreende preferências temáticas comuns aos dois autores, tendo destaque os temas que tornam presente o homem “ordinário” e sua relação com tudo que a sociedade rejeita. Quanto à transposição do ordinário para a materialidade da linguagem (pictórica e verbal), verificaremos como os “desperdícios” utilizados por Tàpies em seus quadros (ou objetos) corresponderão aos “titubeios” da oralidade encarnados pela poesia de Manoel de Barros.

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28 de março de 2000

Maria Ester Vieira de Sousa

Discurso de Sala de Aula: as surpresas do previsível

Orientação: Dóris de Arruda Carneiro da Cunha
Área de Concentração: Linguística (Doutorado)

Resumo: Este trabalho tem como objeto de estudo o discurso de sala de aula. Com base nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso, objetivamos refletir sobre a heterogeneidade que constitui esse discurso. Por um lado, a instituição Escola, sede desse discurso, impõe regras – lingüísticas e não-lingüísticas – que delimitam a ação de professores e alunos. As regularidades enunciativas observadas em sala de aula resultam dessas condições de produção, que impõem a professores e alunos formas padronizadas de fazer e de dizer. Por outro lado, estes sujeitos não simplesmente cumprem regras, mas as atualizam de forma dinâmica, transformando o discurso em acontecimento. É certo que o professor tende a reproduzir o discurso instituído, do livro didático, da escola. Entretanto, o exercício de sua função institucional não está isento de contradições: a prática revela a dificuldade do professor em lidar com a diversidade e com as diferenças. Em relação ao ensino de língua portuguesa, algumas conclusões podem ser apontadas. O livro didático, mesmo quando se define por uma proposta de trabalho com textos, objetivando os usos da linguagem, revela lacunas, contradições. Falta clareza ao professor – decorrente de lacunas em sua formação teórica e de sua dependência do LD – acerca da concepção de linguagem que norteia (ou deveria nortear) a sua prática de ensino. Disso decorre muitas das contradições e dos conflitos presentes no discurso de sala de aula. A presença efetiva do texto em sala de aula tornou-se, no geral, apenas um emblema de uma perspectiva inovadora de ensino-aprendizagem de língua materna, enunciada pelo discurso oficial, através do MEC, pelos manuais didáticos e pelo próprio professor. A aula de leitura consolida e consagra um método que, ao reiterar um único modo de ler o texto, torna semelhante todo e qualquer texto. Sem negligenciar as condições gerais de produção desse discurso, é preciso investir mais na qualificação do professor para que ele seja capaz de atuar, convincentemente, na sala de aula, de forma a contemplar a heterogeneidade dos sujeitos, da linguagem e dos sentidos e a diversidade do discurso que se produz nesse contexto.

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27 de março de 2000

Isaltina Maria de Azevedo Mello Gomes

A Divulgação Científica em Ciência Hoje: características discursivo-textuais

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi
Área de Concentração: Linguística (Doutorado)

Resumo: Este estudo teve como objetivo central identificar características dos textos de divulgação científica (DC) publicados na revista Ciência Hoje (CH), apontando as diferenças e semelhanças de estruturas textuais e estratégias discursivas entre os textos produzidos por jornalistas e os produzidos por cientistas. Para desenvolvê-lo, trabalhamos a partir de um universo constituído por trinta e oito edições de CH, publicadas entre janeiro de 1994 e dezembro de 1997, das quais foram escolhidos 24 textos, sendo 12 de autores pesquisadores e 12 de autores jornalistas. Partindo da posição de que textos são eventos realizados em comunidades de práticas – conjunto de pessoas engajadas em torno de atividades que tenham objetivos comuns – nossa atenção se voltou para dois diferentes eventos presentes em CH: os Artigos de Divulgação Científica (ADC), que se realizam na comunidade de cientistas e as Matérias de Divulgação Científica (MDC), realizadas na comunidade de jornalistas. Devido à abrangência das questões aqui tratadas, utilizamos um recorte teórico muito amplo. Buscamos apoio na Sociolingüística, na Lingüística de Texto, na Análise do Discurso e, também, em estudos que tratam da DC, na perspectiva da Comunicação. Em nossa análise, verificamos que: 1) na revista CH, há pelo menos duas estratégias textuais-discursivas de divulgação científica: (a) a dos autores pesquisadores e (b) a dos autores jornalistas; 2) os textos de divulgação científica produzidos por autores pesquisadores tendem a reproduzir a superestrutura dos textos científicos; 3) os autores pesquisadores utilizam muitos termos técnico-científicos e nem sempre se preocupam em torná-los compreensíveis ao leitor não-especialista; 4) os autores jornalistas tendem a utilizar estratégias textuais-discursivas para a facilitar a compreensão e envolver o leitor não-especialista; 5) nos textos de divulgação científica, autores pesquisadores priorizam o valor argumentativo das citações, ao passo que os autores jornalistas utilizam citações de especialistas como argumento de autoridade; 6) a função da metáfora nas MDC é essencialmente ornamental e nos ADC, explicativa.

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Elton Bruno Soares Siqueira

As Duas Máscaras em Dorotéia

Orientação: Maria da Piedade Moreira de Sá
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: O presente trabalho analisa o diálogo das personagens em Dorotéia, de Nelson Rodrigues, na tentativa de desvelar os sentidos implícitos na fala considerando a relação entre o discurso e os sentimentos que ele procura ocultar. A análise tem um enfoque pragmático e vale-se da noção de implicatura conversacional, proposta por Grice (1982), com o objetivo de interpretar as informações implícitas transmitidas pelas personagens no contexto particular da enunciação. O estudo revela que todas as mulheres em Dorotéia abafam os seus desejos mais secretos e ostentam um discurso - uma máscara, no sentido metafórico - que contradiz os seus próprios sentimentos. O dramaturgo põe em relevo o jogo das máscaras para satirizar a hipocrisia das relações sociais. Destarte, a máscara constitui elemento fundamental na estruturação da peça rodriguiana.

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24 de março de 2000

Geisa Regina Barros de Oliveira

“Esse Negócio de Tupã...” Um Estudo sobre a Construção da Figura Indígena em “A Lenda dos Cem” de Gilvan Lemos

Orientação: Alfredo Adolfo Cordiviola
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Este trabalho tem por finalidade estudar a construção da figura indígena no romance A lenda dos Cem, do Escritor pernambucano Gilvan Lemos. Trata-se de uma tentativa de resgate das representações índias na Literatura Brasileira, como conseqüência do que se projetou no imaginário das populações não-índias desde os primeiros contatos entre as diferentes culturas européias e americanas. Além disso, incluíram-se considerações a respeito das comemorações que se programam para os 500 anos da chegadas dos europeus às terras que mais tarde se chamariam Brasil. Os conceitos bakhtinianos de dialogismo, discurso, polifonia ou heteroglóssia colaboraram no sentido de promoverem uma reflexão crítico-teórica sobre os problemas levantados. Além de Bakhtin, teóricos como Stuart Hall e Edward Said, que elegem a cultura não apenas como elemento constituinte, mas, de fato, determinante para a elaboração de qualquer produto humano, também contribuíram para as considerações teóricas desta pesquisa.

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