Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

28 de maio de 2002

Solange Santana Guimarães Morais

João do Vale: poesia popular e identidade

Orientação: Lourival Holanda
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Este trabalho é uma análise da obra do compositor maranhense João do Vale que evidencia sua história de vida e sua importância na identificação do Nordeste. Mostra-se a relevância do compositor na história da MP nordestina, a riqueza de imagens encontradas na sua música que possibilitam uma reflexão acerca dos problemas sociais, econômicos e culturais vividos pelo nordestino. Na leitura dos seus versos verificam-se as cenas, os lugares que permitem o indivíduo a reconhecer e vivificar sua história. Aqui, sua obra é estudada a partir de temas considerados universais como a “saudade” e o “amor” que fazem o indivíduo retornar a tempos que outrora lhe foram caros e que agora podem ser recordados sob o olhar saudoso e amoroso do poeta maranhense. A importância da sua obra é confrontada com a de outros autores que consagraram essa temática como aproximação entre momentos que hoje são presentes com aqueles guardados com carinho nas lembranças, moldando de alguma forma o perfil do escritor. Em seguida a pesquisa será premiada ao se mostrar como ritmo, melodia, letras, etc. possibilitam a construção de uma identidade nordestina. Coloca-se que esses elementos retratam o modo de ser, de falar das pessoas que dão a cor ao lugar, ao espaço configurado como Nordeste. Mostra-se que a linguagem é desprovida de rebuscamento, mas que traz consentimentos necessários aos que constituem aquele local. Na caminhada pelos poemas valeanos, leva-se ainda em consideração seu aspecto literário e musical, o público, as considerações históricas em que foram produzidos e difundidos, procurando-se fazer uma abordagem sobre identidade e sua relevância na cultura de um povo. Ao final, mostra-se como a cultura popular, representada pela poesia de João do Vale, constituí-se como um fator que possibilita uma tomada de consciência dos nordestinos, ao conceberem a história do Nordeste a partir da perspectiva de mudanças sociais e culturais. Com essa postura o indivíduo transforma-se no mentor de uma nova postura em relação ao que é regional.

» E-book disponível para acesso na Sala de Leitura César Leal - Centro de Artes e Comunicação - Campus UFPE

6 de maio de 2002

Enilda da Silva Marques Fernandes

Narrativas Conversacionais: estruturas e vozes

Orientação: Angela Paiva Dionisio
Área de Concentração: Linguística

Resumo: Esta dissertação dedica-se ao estudo das narrativas conversacionais, focalizando aspectos estruturais e, dentre eles, a presença de vozes. O material empírico utilizado na análise compreende 10 narrativas selecionadas nos inquéritos do volume 1 – “A linguagem falada culta na cidade do Recife” Diálogos entre Informante e Documentador (DID). Trata-se de uma análise que busca levantar algumas das marcas lingüísticas que servem para especificar diferentes vozes no interior de um texto narrativo conversacional como o discurso direto, o discurso indireto e as glosas do locutor. A análise apoiou-se nos trabalhos de Labov e Waletzky (1967), Labov (1972, 1982, 1997), Gulich e Quasthoff (1985,1986), Bakhtin (1999, 2000), Ducrot (1987), Kristeva (1974), Maingueneau (1997,1998), Bronckart (1999) e Fiorin e Savioli (1996). A análise dos dados revelou que é possível estabelecer uma relação estrutura/vozes, uma vez que o fenômeno vozes ocorre ao longo de todas as seções naturais da narrativa conversacional propostas por Labov, possibilitando coerência no texto narrativo. Por outro lado, observou-se que, caso o ouvinte não perceba a ocorrência de vozes, a compreensão do sentido global da narrativa conversacional pode ficar prejudicada, pois surgem conceituações e posições ideológicas que fazem parte de um contexto maior e externo ao narrador. Essas conceituações ao se deixarem entrever, caracterizam um enunciador polifônico, no qual são percebidas outras vozes, decorrentes de procedimentos discursivos escolhidos e previamente determinados por uma coletividade social.

» E-book disponível para acesso na Sala de Leitura César Leal - Centro de Artes e Comunicação - Campus UFPE