Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

31 de outubro de 2000

Antony Cardoso Bezerra

Encontro entre Picaresca e Neo-Realismo Português: A Noite e a Madrugada de Fernando Namora

Orientação: Sônia Lucia Ramalho de Farias
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Objetivo, no presente estudo, verificar o processo de convergência - temática e estrutural - existente entre a tradição picaresca espanhola e o romance A Noite e a Madrugada (1950), do escritor português Fernando Namora. O tema eleito é problematizado com base na exposição analítica do percurso da picaresca - com ênfase na tríade fundamental do gênero - e do quadro socioestético em que se insere o Neo-Realismo literário português, notadamente a carreira do autor contemplado. Por meio da contribuição da literatura comparada e da narratologia - e levando em conta a noção de “inter-historicidade” (termo de Guillén, 1989: 283), no envolvimento de aspectos característicos de romances picarescos -, observo os pontos em que Pencas, elemento integrante do romance de Namora, se aproxima ou se afasta do pícaro castelhano. Embora dirija o foco à personagem, preocupo-me em evitar retirá-la de seu ambiente, pois só pode ter o comportamento pertinentemente compreendido no corpo da história. Ao mesmo tempo, verifico de que modo o autor retrabalha motivos usuais da tradição castelhana. Os pontos de conjunção entre os romances picarescos e A Noite e a Madrugada exercem, certamente, funções diversas entre si, pois integrantes de uma cosmovisão particular. Longe de indicarem uma cópia servil do pícaro, as atitudes de Pencas se relacionam ao ambiente rural português. As características da picaresca integradas ao caráter dessa personagem - devidamente recriadas - acabam por se converter num elemento distintivo em relação aos demais integrantes do romance, que, seguindo uma nota dominante do Neo-Realismo, não podem abrir mão do trabalho para sobreviver.

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27 de outubro de 2000

Andréa Leocádio de Nogueira

O Processo de Referenciação em Textos Injuntivos Escritos: a elipse nominal

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi
Área de Concentração: Linguística

Resumo: O objetivo desta pesquisa é investigar como as estratégias de continuidade referencial contribuem para a construção da coerência em textos injuntivos escritos. De modo específico, investiga-se como a elipse nominal contribui não só para a criação da coerência global do texto, mas para a própria construção sintática. Defende-se a tese de que a elipse é um dos mecanismos de manutenção do tópico e da estabilidade referencial, sendo assim, da coerência. Entende-se por referenciação uma atividade de formulação textual, realizada pelos mais diversos tipos de estratégias, tanto de base lexical como pronominal, sendo a coerência resultante deste processo, e não produto dele, isto é, não uma propriedade do texto, no sentido de que se encontra inscrita nele, mas mediada por ele. Tem-se por hipótese que a elipse, nesta perspectiva, é fruto de processos discursivos, associada a um discurso que segue. Visando à comprovação da hipótese, apresenta-se a relação entre elipse e situação comunicativa dos injuntivos, elipse e contexto sintático-pragmático, elipse e memória discursiva. Abordam-se itens como construção textual, argumentos de predicados, status informacional e pontos de ancoragem discursiva. Identificam-se os ambientes condicionantes para uma ocorrência elíptica, bem como os contextos nos quais tal ocorrência é inadequada. Constata-se que a elipse é fator de coesão e coerência, sendo utilizada em contextos discursivos menos ambíguos.

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17 de outubro de 2000

Maria Lúcia Ferreira de Figueirêdo Barbosa

A Polidez no Discurso de Crianças e Adolescentes

Orientação: Judith Hoffnagel
Área de Concentração: Linguística (Doutorado)

Resumo: Este trabalho examina o uso de rotinas de polidez (elogiar e pedir desculpas) em interações diadáticas e multiparte de crianças e adolescentes. O perfil comunicativo dos informantes é descrito com base em estratégias que eles utilizam com vistas a atender necessidades pessoais e sociais surgidas no curso das interações. Elogios e pedidos de desculpas são analisados levando-se em conta o background sociocultural compartilhado por proferidores e destinatários de elogios, bem como por ofensores e ofendidos. Ambas as rotinas são analisadas na perspectiva da sociolingüística interacional (Gumperz, 1982), fundamentando-se o estudo da polidez lingüística em estudos de inspiração pragmática cuja abordagem centra-se nos mecanismos de estratégias de polidez que visam a harmonizar a interação social (Leech, 1983; Brown e Levinson, 1987). O corpus é formado por crianças e adolescentes e compreende 64 elogios e 64 respostas, assim como 33 ofensas e 33 pedidos de desculpas, coletados em conversações, jogos e brincadeiras em situações informais espontâneas. De acordo com os resultados, os informantes de modo geral usam elogios como mecanismos de atender às necessidades de reconhecimento e aprovação dos interlocutores, mas observa-se uma tendência significativa no grupo de adolescentes femininos a trocarem elogios entre si com o objetivo de aprovar e reconhecer aspectos relacionados a auto-imagem das interlocutoras. Do ponto de vista das respostas e elogios, observa-se uma maior desenvoltura no uso de respostas que requerem o manejo de estratégias de polidez em meninas a partir de dez anos de idade. No que se refere à rotina de pedir desculpas, observa-se que os ofensores raramente pedem desculpas, observa-se aos interlocutores. A análise de ofensas e pedidos de desculpas é coerente com a idéia de que os informantes não toleram atos de auto-humilhação. Nota-se a presença de convenções que determinam quais os tipos de atos são ofensivos, tendo-se em vista que o contexto assume um papel relevante na definição da gravidade da ofensa. Uma ofensa pode ser leve ou grave dependendo do contexto de sua realização e de negociações entre ofensores e ofendidos. Os pedidos de desculpas realizados por crianças e adolescentes demonstram que os informantes lidam com o conceito de polidez, mas verifica-se variação em relação a fatores como idade e sexo, uma vez que a operação de estratégias de polidez em pedidos de desculpas ocorre de forma mais consistente a partir de oito anos de idade, sobretudo por parte de falantes femininos. De modo geral, as interações de crianças e adolescentes situam-se a partir de um eixo no qual se centralizam-se os desejos e a s expectativas de cada um dos participantes. O equilíbrio das interações entre eles somente é atendido à medida que os interesses centrais de cada um são respeitados. Evidencia-se portanto um padrão interacional centrado no indivíduo e em suas necessidades, com características peculiares a culturas ocidentais e européias como as descritas por Mao (1994) e Kerbrat-Orecchioni (1994).

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13 de outubro de 2000

Alcides Mendes da Silva Júnior

Espaço e Discurso: a construção do Nordeste na literatura regionalista

Orientação: Lourival Holanda
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: O espaço é construção humana além de uma paisagem organizada com determinado fim. É o conjunto de valores e técnicas estabelecido socialmente. Um emaranhado simbólico que dispõe homens e objetos em relações constantes de evolução e troca. O espaço é portanto, a própria sociedade em sua dinâmica e estrutura. A forma e o conteúdo em permanente reconstrução. O interesse ora pretendido recai sobre a condição utilitária do discurso como articulação hegemônica de manutenção do status quo, em detrimento de realidades periféricas mantidas como tais pela mão inequívoca e condicionante deste mesmo aparato discursivo. O discurso regionalista é uma das vertentes construídas com este intuito de manipulação. Verifica-se praticamente em todas as áreas do conhecimento diferenciado que se produziu e se produz sobre a região Nordeste. O foco deste trabalho é a literatura regionalista. Mais precisamente três romances, considerados grandes obras representativas do regionalismo na literatura: Fogo Morto (José Lins do Rego), Terras do Sem Fim (Jorge Amado) e São Bernardo (Graciliano Ramos); o que se verifica nelas, como tentativas isoladas de libertação do discurso regionalista; e como essas obras, de uma certa forma, refazem (enquanto tentam desfazer) a mesma teia que pretendem destruir.

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