Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

26 de abril de 2005

Regina Celi Mendes Pereira

Gêneros Textuais e Letramento: uma abordagem sociointeracionista da produção escrita de crianças de 1ª e 2ª Séries

Orientação: Abuêndia Padilha Peixoto Pinto
Área de Concentração: Linguística

A diversidade de situações de letramento às quais a criança está sujeita, tanto na escola como fora dela, requer uma metodologia de ensino da escrita que focalize o trabalho com os gêneros textuais. A contribuição de Vygotsky (1984, 1987) no que se refere à construção social do conhecimento, bem como os estudos de Bakhtin (1981, 1992), Bronckart (1999), Schneuwly (1994, 1996) e Dolz (1996) embasaram a nossa concepção de que os gêneros organizam e regulam as formas de atuação no mundo, que são mediadas pela linguagem. Essa abordagem deu-nos respaldo para avaliar o desempenho de alunos do primeiro ciclo do ensino fundamental, de escola pública e particular, pertencentes a distintas realidades socioeconômicas, em atividades de produção textual que se apóiam no trabalho com diferentes gêneros escritos. Com base nesse questionamento geral, procuramos investigar: os espaços de atuação social realizados através da modalidade escrita e disponibilizados para a criança em seu meio ambiente cultural; os gêneros escritos que estão mais relacionaos a sua rotina de atividade social; e a relação entre o ensino de gêneros textuais e o favorecimento na aprendizagem de aspectos lingüísticos e cognitivos específicos a modalidades escritas previstas para as crianças desse ciclo. A análise dos 84 textos elaborados pelos 12 alunos, associada aos outros instrumentos de coleta de dados, revelou que as crianças compartilham basicamente os mesmos espaços de atuação social que condicionam os usos da escrita em suas vidas. Concluímos também que as dificuldades enfrentadas pelo escritor iniciante, reflexo da complexidade inerente ao ato de escrever, podem ser enfrentadas gradualmente, por meio de práticas interativas de linguagem que possibilitem a circulação das várias representações cognitivas da atividade social.

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15 de abril de 2005

Najin Marcelino Lima

A Construção da Identidade de Lula em Jornais de Língua Inglesa

Orientação: Judith Hoffnagel
Área de Concentração: Linguística

O objetivo desse trabalho é analisar como se deu à construção da identidade do então candidato à presidência do Brasil, Lula, em jornais de língua inglesa. Acreditamos que na tentativa de se traçar o perfil de um líder político de uma nação, os jornais identificam simultaneamente e em boa parte o povo daquela nação. Assim, ter acesso ao que era dito a respeito de Lula nesses jornais possibilita-nos, até certo ponto, entender como somos representados fora de nosso país. Como suporte teórico, utilizamos os estudos desenvolvidos no âmbito da Análise Crítica do Discurso (ACD). Partimos das pesquisas de Fairclough considerando, sobretudo, seu quadro tridimensional e a sua preocupação em tratar de discurso como ferramenta para mudança social. Para entendermos melhor as engrenagens da mídia na produção de discursos, nos valemos dos conhecimentos produzidos por teóricos como Van Dijk, Kress, Fowler, Van Leeuwem, entre outros. Graças a sua natureza, a ACD nos possibilitou produzir um trabalho interdisciplinar, daí termos embasado boa parte de nossas considerações sobre identidade nas pesquisas provenientes da antropologia lingüística. Percebemos, ao final do trabalho, que a identidade de Lula é construída, sobretudo, com base nas suas ações. As mudanças de atitude (desde posicionamentos políticos a transformações estéticas) pelas quais Lula vinha passando foram um foco significante dos textos que trataram a seu respeito. A sua "identidade" foi mudando ao longo do tempo. Todavia, tanto como uma ameaça remota da esquerda no começo, quanto candidato certo à vitória no final, as considerações sobre ex-lider sindical eram sempre carregadas de um tom avaliativo e que remetiam a algum tipo de alerta.

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6 de abril de 2005

Lucilene Rodrigues da Silva

As Cláusulas Correlativas numa Abordagem Funcional

Orientação: Marlos de Barros Pessoa
Área de Concentração: Linguística

Este trabalho objetiva analisar e interpretar cláusulas correlativas do português sob a perspectiva do paradigma da gramaticalização, postulado no quadro da lingüística funcional, no modelo de Traugott e Heine (1991), Votre (1992), Hopper e Traugott (1993) e Givón (1990, 1995). A lingüística funcional vem se constituindo e se consolidando desde os anos 80 na apropriação e produção de conceitos operacionais relacionados a cognição, iconicidade, categoria prototípica, discurso, gramática, polissemia, domínio funcional, figura e fundo, topicidade, informatividade e transitividade. Autores brasileiros divergem sobre a interpretação de certas cláusulas, (do tipo não só/mas também, tanto mais/tanto menos, tanto/que, etc.) se meramente sintáticas ou correlativas. a própria NGB, de 1959, exclui a interpretação correlativa. Oitica (1962) e Brandão (1963), por outro lado, a incorporam. Os estudos, de abordagem funcionalista, tendem a abandonar a rigidez das dicotomias sintáticas de coordenação e subordinação e propõem um continuum numa trajetória marcadamente de gramaticalização. É com base na controvérsia sobre a interpretação dessas cláusulas, que enveredamos pela história mais recente para encontramos subsídios para a compreensão do nascimento ou da modificação de tais estruturas, dado o caráter gradual da trajetória de sua constituição. Como resultado, pudemos constatar alguns achados relevantes. Seja exemplo a não-realização formal dos pares completos, em construções de textos jornalísticos do século XIX, evidenciando influência da elipse e permitindo interpretação discursiva do fenômeno. Por fim, o estudo aponta para um aprofundamento da investigação histórica na ampliação dos séculos, desde o período arcaico da história da língua.

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