Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

19 de fevereiro de 2004

Marconi Oliveira da Silva

A Apresentação do Mundo pela Linguagem no Jornalismo

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi
Área de Concentração: Linguística

A tese defendida nesta investigação afirma que o jornalismo produz uma representação e um sentido de mundo que podem ser tidos muito mais como um trato que um retrato da realidade. Os fatos jornalísticos, que são formas epistemológicas de organizar o mundo, reforçam contextos de modelos estabilizados e estereotipados, e, paradoxalmente, apresentam grande carga de indeterminação e ambigüidade no relato dos acontecimentos. Sua meta é conquistar as mentes e os corações dos leitores como co-produtores de sentidos. Com uma análise que arranca de dentro da lingüística, assume-se a teoria da indeterminação do significado como um aspecto intrínseco à linguagem e cuja determinação de sentido é fruto de uma construção interativa e discursiva da realidade. Nos dois primeiros capítulos analisam-se, respectivamente, a questão referencial no relato noticioso jornalístico e alguns aspectos da abordagem teórica da referência ao longo dos últimos 50 anos no contexto filosófico e lingüístico a respeito da relação entre linguagem e mundo. Os textos investigados foram retirados de dois jornais (um de circulação nacional e um estadual) e duas revistas, que circularam nos meses de março e abril de 2000. Os capítulos 3, 4 e 5, que constituem o núcleo da análise, demonstram que as noções de intersubjetividade, intencionalidade, dêixis, pressuposição, protótipos, categorias, nomes, anáforas, repetições, ambigüidade, indeterminação e polissemia, empregadas na análise do corpus, permitem defender a tese de que o relato jornalístico da notícia não pode ser tido como espelho da realidade. Não se trata de uma simples reedição das velhas noções de que o jornalismo não é uma atividade neutra sob o aspecto ideológico, mas sim de um aprofundamento de tese nova voltada para aspectos que dizem respeito ao próprio modo de produção de sentido pela atividade referencial ao não se admitir que de um lado está a linguagem e de outro os fatos e que ao indivíduo – o jornalista – cabe usá-los para um relato clarividente e unívoco.

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