Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

29 de abril de 2003

Maria Cristina de Assis Pinto Fonseca

Caracterização Lingüística de Cartas Oficiais da Paraíba dos Séculos XVIII e XIX

Orientação: Marlos de Barros Pessoa
Área de Concentração: Linguística (Doutorado)

Resumo: Este trabalho tem como objetivo estudar cartas oficiais enviadas a diferentes autoridades da administração pública paraibana, no período entre 1774 e 1874. O corpus, com 203 cartas, foi selecionado a partir de documentos manuscritos preservados no Arquivo Histórico da Paraíba, transcritos sem alteração na grafia, acentuação, fronteira entre as palavras e mantendo-se as variantes fonológicas, morfológicas e sintáticas. A fundamentação teórica tem um caráter interdisciplinar, utilizando elementos da História Social da Linguagem, da Lingüística Histórica e da Lingüistica de Texto, além de conceitos de Paleografia, indispensáveis para a abordagem de textos de épocas passadas. Partindo-se do princípio de que condições sócio-históricas de produção se refletem em marcas textuais próprias, buscou-se verificar os fenômenos lingüísticos de uma perspectiva histórico-textual, com base nos níveis de análise lingüística apresentados por Oesterreicher (1994; 1996), a partir de conceitos elaborados por Coseriu (1979; 1979a; 1980,1982, 1995). A análise das cartas revelou uma grande variação no domínio da modalidade escrita, que decorre da situação sócio-histórica de produção dos textos. Espera-se que este trabalho possa contribuir para a investigação da história da língua portuguesa, com a organização e análise de textos que documentam o uso burocrático da língua na época colonial e imperial, período relevante para a história do português brasileiro.

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28 de abril de 2003

Karina Falcone de Azevedo

O Acesso dos Excluídos ao Espaço Discursivo do Jornal

Orientação: Luiz Antonio Marcuschi e Isaltina Maria de Azevedo Mello Gomes
Área de Concentração: Linguística

Resumo: O objetivo central deste estudo é analisar o acesso dos excluídos aos espaços discursivos dos jornais. Isso significa, primeiramente, questionar as relações ideológicas que envolvem o domínio das elites e a predominância de suas representações discursivas nos meios de comunicação de massa. Para essa análise, seguimos as teorias desenvolvidas por T. A. van Dijk e N. Fairclough, principais referências aqui adotadas. Neste trabalho, a investigação do acesso se restringiu ao domínio jornalístico, tendo como objeto de estudo textos publicados sobre o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), no período de 11 de novembro de 1999 a 29 de fevereiro de 2000, no Jornal do Commercio (JC). A delimitação em apenas um veículo de comunicação foi uma necessidade metodológica, no sentido de eliminar variáveis intervenientes que poderiam surgir devido às diferentes orientações ideológicas dos jornais, o que não deveria ser foco do nosso estudo. Outro aspecto aqui observado foi a qualidade da participação dos excluídos na construção do discurso jornalístico. A partir de duas categorias básicas de análise (acesso institucional e acesso episódico), investigamos como os integrantes do MTST participaram da construção do discurso jornalístico. A análise nos levou à confirmação da hipótese inicial: o acesso dos excluídos se dá, preferencialmente, em situações de conflitos. Os efeitos sócio-cognitivos desse fenômeno é uma das principais causas do preconceito e dos estereótipos construídos na sociedade contra os grupos em situação de exclusão.

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22 de abril de 2003

José Guimarães Caminha Neto

A Escrava Isaura: uma visão multidimensional

Orientação: Sebastien Joachim
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Este trabalho busca revelar os muitos segredos que se escondem por trás das representações de uma escrava mestiça, nascida sob o signo do Romantismo, chamada Isaura. A personagem criada por Bernardo Guimarães, na segunda metade do século XIX, revela-se cheia de contradições que, nesta pesquisa, se explicam nas teorias pós-modernas. Assim como o Folhetim, gênero híbrido criado da união do Jornalismo Impresso com a Literatura, Isaura sofre o preconceito de não ser aceita pela sociedade por causa de sua origem. Esta dissertação acompanha os passos trilhados pela escrava desde o romance popular (1875) até o folhetim eletrônico (1976) para mostrar as muitas faces da nossa cultura e suas transformações. Na Literatura, as influências dos mitos fundamentais; de obras grego-romanas; do romance inglês do século XVIII, e norte-americano do século seguinte. Nas adaptações do romance para a mídia, teremos a comprovação de que Isaura mantém-se sujeita às regras mercadológicas da Indústria Cultural. Para manter-se viva, ela se transforma: idealizada e perfeita no Romantismo; relegada e maldita no Modernismo; resgatada e aceita pelo público com a ajuda da Televisão no final do século XX. Nos desdobramentos do mito de Isaura, constata-se a construção da auto-imagem do brasileiro: ideologicamente branco. Um mestiço que não se reconhece como tal.

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Elcy Luiz da Cruz

Terras Sem Mal: A História e a Ficção como Promessas de Futuro

Orientação: Alfredo Adolfo Cordiviola
Área de Concentração: Teoria da Literatura (Doutorado)

Resumo: Nosso trabalho busca enfocar a diversidade de duas escrituras de fronteiras altamente vulneráveis: a história e a ficção. Na construção dessas escrituras percebemos que a memória e o esquecimento são bases limítrofes, fundando tantas vezes a plurissignificação de ambas. Na tentativa de percorrer as fronteiras dessas escrituras fazemos uma divisão didática com um intuito laboratorial de separar dois corpos para análise colocando a teoria (a história) como componente do esquecimento e a ficção (representada por romances lançados a partir da década de 1990) como pertencendo à memória. Argumentamos com essa divisão que o discurso histórico pode se apresentar inverídico por atender interesses de determinados grupos, enquanto que o discurso de ficção estaria livre deste propósito pela natureza “gratuita” da obra de arte. Sabemos que essa gratuidade é relativa, o que só comprova que não é tão simples estabelecer divisões entre esses discursos. No aprofundamento do estudo fazemos uma crítica às teorias que versam sobre o fim da história bem como sobre a morte do romance com um debate que envolve historiadores e romancistas e para tal fazemos uso tanto das teorias sobre a história (abrindo debate também com teóricos da pós-modernidade) assim como da ficção (com romances que usam e abusam da intertextualidade, que utilizam documentos históricos ou textos das manchetes do cotidiano). Afirmamos que o discurso histórico e o discurso ficcional são discursos dinâmicos e por isso mesmo problematizadores da realidade. A partir desse entendimento tentamos convencer que ambos os discursos são reveladores do real da realidade. Ou seja, a realidade se apresenta eivada de significados, o que acaba fazendo desses discursos produtores de uma memória viva. A memória viva é tradução da polifonia inerente a ambos discursos, ou seja, ela é construída do diálogo constante entre seus intertextos e o leitor. Evidentemente fazemos críticas ao discurso histórico que sob regimes autoritários submete a realidade a uma triagem. Tomando tais regimes como exemplo do apagamento da memória, colocamos o discurso histórico e o discurso literário como produtores de promessas futuras. Ou seja, a reconstrução do passado é necessária para a compreensão do presente e a consolidação de um país e de uma literatura possível.

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