Aquivo Digital da Pós-Graduação em Letras UFPE

31 de março de 1998

Telma Maria Silva Rego

A Paixão Segundo G. H.: um lugar de iluminação

Orientação: Ivaldo Santos Bittencourt
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Na obra de Clarice Lispector, há uma recorrência a um procedimento caracterizado no campo literário como epifania, instante privilegiado de visão, desarticulador da harmonia cotidiana. Esta manifestação literária é marca característica da escritura clariceana; seu uso permite a escritora fugir do discurso habitual composto por um aparato lógico-racional, procurando registrar o indizível. Assim, o processo epifânico de Clarice Lispector atraiu a nossa atenção por possuir grande semelhança com uma categoria constituinte da filosofia de Walter Benjamin: a iluminação profana. uma vez que, ambas consistem numa visão instantânea, capaz de apontar ao espectador o inexprimível, o incognoscível, o indizível. Nesse sentido, considerando-se as afinidades entre a literatura de Clarice Lispector e a filosofia de Walter Benjamin, no que se refere aos conceitos de iluminação profana e epifania, nosso objetivo consiste em, pelo viés da interdisciplinaridade, promover uma articulação entre Literatura e Filosofia. Para tal empreendimento escolhemos a obra de Clarice Lispector, “A Paixão segundo GH”, por se tratar de um texto que, através de uma metamorfose interior vivenciada pela personagem G.H., narra o episódio de uma revelação/iluminação.

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José Olivá Apolinário

Poemas de Maria do Carmo Barreto Campello de Melo à Luz da Estética da Recepção

Orientação: Roland Walter
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: A pesquisa aqui desenvolvida no âmbito teórico sobre quatro categorias da Estética da Recepção tem como objeto de análise poemas de Maria do Carmo Barreto Campello de Melo nos cinco primeiros momentos de sua poética denominada Música do Silêncio. Com esta investigação, deseja-se esclarecer o processo de recepção de alguns destes poemas onde o leitor é o elemento principal, se considerarmos o seu papel de concretizador do texto poético. Este concretizar, respaldado na historicidade e no efeito estético, constitui o campo em que são levantados e desenvolvidos questionamentos, que tem como substrato reflexões concernentes ao recebimento da produção literária. O estudo aqui realizado procura tecer considerações sobre estas categorias, para depois aplicá-las aos poemas carminianos. Na categoria horizonte de expectativas, são detectadas as esperas do leitor em relação a esses poemas através da determinação deste horizonte. Em seguida aplica-se outra categoria, a distância estética, que se verifica entre o horizonte de expectativas e os códigos artísticos em moda, quando do surgimento do fazer literário da poetisa. A terceira categoria trata do efeito estético onde é evidenciado o impacto que os poemas estudados provocaram no sistema estético através do exame das reações motivadas no leitor. Por fim a concretização, que parece ser o vértice da recepção estética, é explicada pela constituição dos vazios produzidos pela despragmatização e implantados pela lírica moderna no discurso poético consubstanciados nos textos carminianos, fornecendo matéria para a inquirição deste atributo no receptor. Feita a aplicação das categorias, nos anexos encontra-se um farto material bibliográfico no qual estão localizadas muitas das citações feitas no decorrer desta indagação.

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Jacineide Cristina Travassos Cousseiro

Introdução à Poética da Logofania “uma aplicação à Água Viva de Clarice Lispector”

Orientação: Sebastien Joachim
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: A presente dissertação objetiva sistematizar o conceito de logofania, aplicando-o a obra Água Viva de Clarice Lispector. Na primeira parte do nosso trabalho, esboçamos as teorias necessárias à introdução de uma poética logofânica. Com este fim, refutamos o conceito de epifania e perseguimos o seu êxodo da soteriologia à literatura. Buscamos apoio na filosofia grega através das concepções pré-socráticas sobre o Logos, a aletheia e os sentidos psicofísicos, interligando-os às concepções de mímesis e de iluminação profana. Enfatizamos a importância da logofania como estética-semiótica, observando como o Logos, os sentidos e os signos converteram-se em objetos fundamentais de significação e em elementos-pivores para o melhor entendimento da relação sujeito-linguagem na arte e, sobretudo, na literatura. Na segunda parte, ponto central para onde converge a fundamentação teórica mencionada, procuramos demonstrar como a logofania conduz a linguagem ao agenciamento de um constelado de sentidos e signos instaurando a intersemiose. Abordamos o flerte entre as artes empreendendo uma análise comparativa do texto literário e das pinturas abstratas de Clarice Lispector. Ressaltamos, ainda, as virtualidades auditivas da palavra investigando a relação imagem/som.

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30 de março de 1998

Maria Auxiliadora Lustosa Coelho

Atitudes Lingüísticas do Nordestino do Submédio São Francisco

Orientação: Maria Irandé Costa Morais Antunes
Área de Concentração: Linguística

Resumo: Este trabalho constitui uma análise das atitudes lingüísticas de nordestinos do Submédio São Francisco, região atingida pela construção da hidroelétrica de Itaparica. Partimos da hipótese de que o nordestino do Submédio São Francisco que foi para São Paulo, por ocasião do enchimento do lago de Itaparica, e manteve contato com falantes paulistas, ao regressar a sua terra, manifesta atitudes negativas em relação ao seu próprio falar (culturalmente estigmatizado) e positivas em relação ao falar paulista (culturalmente prestigiado). Foram entrevistados, através de questionários e submetidos à audição de amostras dos falares nordestino e paulista, 20 informantes, considerando-se as variáveis: exposição ou não do contato direto com falantes paulistas e nível de instrução. Após o exame dos dados estatísticos e do estudo das entrevistas, que foram analisadas observando-se os postulados da análise do discurso, os resultados indicaram tendência acentuada dos informantes do grupo B (com viagem a São Paulo) a rejeitarem o falar nordestino e a prestigiarem o falar paulista. Os nordestinos do grupo A (sem viagem a São Paulo) manifestaram também, embora de forma menos acentuada, rejeição e admiração pelo falar paulista. Essa atitude foi, no entanto, mais observada entre os informantes analfabetos e os de primeiro e segundo grau. Os de nível superior e os pós-graduados, tanto do grupo A, quanto do grupo B manifestaram atitudes mais positivas em relação ao falar nordestino, demonstrando também, maior consciência lingüística, à medida que respeitam as variedades dialetais do país, muito embora se tenham comportado de maneira diferente em alguns aspectos, quando em presença de estímulos de falas gravadas. Atitude de insegurança lingüística foi, portanto, bastante evidenciada nessa pesquisa e vários fatores parecem explicar sua origem: 1) o preconceito lingüístico do qual são vítimas os nordestinos quando estão no Sul ou Sudeste do país; 2) a influência nos meios de comunicação que apresentam imagens negativas do Nordeste e, conseqüentemente, dos nordestinos; 3) o desconhecimento lingüístico que leva as pessoas a rejeitarem ou a valorizarem uma variedade lingüística, conforme o nível sócio-econômico cultural de seus usuários; 4) a perda da identidade regional provocada pelo êxodo a que foram obrigados os habitantes das cidades atingidas pela construção do lago de Itaparica. Como as mudanças acabam influenciando os hábitos lingüísticos de uma comunidade, torna-se possível entender as atitudes de insegurança manifestadas pelos informantes dessa pesquisa.
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26 de março de 1998

Sérgio Ricardo Soares Farias

Um Oriente Arquetípico por Manoel de Barros

Orientação: Roland Walter
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: A pesquisa desenvolvida aqui propõe uma leitura da obra completa de Manoel de Barros a partir de parâmetros colhidos nas filosofias religiosas do Extremo Oriente, em especial o budismo e o taoísmo, formadoras de um paradigma de visão de mundo que se opõe ao cientificismo do Ocidente. Para viabilizar a comparação entre tais elementos, optou-se pela via da analogia, que permite observar o surgimento de aspectos culturais e/ou filosóficos semelhantes em diferentes sociedades, distintas geográfica e cronologicamente sem que haja indícios de qualquer relação de influência entre elas. Reforçando esta posição, o corpus será confrontado com uma serie de textos de diferentes literaturas que se prestem a comparação analógica com os legados orientais. Seis feixes temáticos principais da poesia do autor são focalizados dentro deste ângulo de aproximação com o pensamento oriental: a preferência pelos cenários bucólicos; a filosofia da não-ação como modo de harmonização com o cosmos; a aprendizagem como processo de abdicação de conhecimentos inúteis; a concepção do homem como único elemento de desarmonia na Natureza; o caráter religioso do relacionamento com os elementos naturais; e a busca de uma linguagem que não comprometa a relação direta com a realidade. A análise possibilita a caracterização dos textos de Manoel de Barros como uma tentativa de retorno às camadas indiciais da linguagem verbal. Ela evidencia o teor religioso deste projeto, no sentido em que, para o escritor, buscar as mais primitivas conexões da palavra com a realidade permite ao homem a consciência do seu papel no Universo.

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9 de março de 1998

Fábio Almeida de Carvalho

O Lugar e a Função de “A Vida como Ela é...” na Obra de Nelson Rodrigues

Orientação: Maria da Piedade Moreira de Sá e Luzilá Gonçalves Ferreira
Área de Concentração: Teoria da Literatura

Resumo: Este trabalho busca investigar a evolução da dramaturgia de N. Rodrigues de uma perspectiva em que os contos de A Vida Como Ela É... são um elemento de razoável força explicativa para a caracterização do perfil geral que a obra rodriguiana apresenta. Procuramos demonstrar que as crônicas-contos de A Vida Como Ela É... tornaram-se um campo de experimentação em que o autor buscou as soluções tematicas, estruturais e retórico-estilisticas que vieram a fornecer o suporte para que sua dramaturgia evoluísse de um modelo mais universalizante, assentado sobre a concepção de tragédia grega, para uma vertente em que há uma maior presença de elementos do ambiente nacional. Nosso trabalho visa expor o modo em que as tragédias cariocas retomam e reelaboram as narrativas curtas com o objetivo último de mostrar que a obra rodriguiana é mais homogênea do que os críticos costumam admitir.

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